Todo feirense já foi ao Arnold só para andar de escada rolante
Por Maurício Borges
O Rio de Janeiro tem a escadaria Selarón com seus azulejos coloridos. Salvador tem a
Escadaria do Bonfim onde rola aquela famosa lavagem. E Feira de Santana tem a Escada
Rolante do Arnold Silva Plaza. Uma escada com apenas um sentido, sem pretensões de
fama, humilde, mas que acabou virando atração turística da cidade nos anos 90.
Desconfio que o feirense não quer BRT, não quer passarela, não quer viaduto. Feirense
gosta mesmo é de Escada Rolante. Era algo que deveria fazer parte do nosso Plano de
Mobilidade Urbana.
Me recordo que quando eu tinha uns 9 anos, eu fazia natação no Feira Tênis Clube com
uma “renca” de primos. Na volta da aula, a gente costumava passar naquela lojinha de
aquários próxima à praça do Nordestino e ali a gente praticamente acampava e ficava
assistindo aos peixinhos com a mesma atenção que hoje a gente assiste à Madalena Braga e à Lete Simões no BATV. Mas, pra fechar o dia com chave de ouro, a gente fazia questão de passar pelo Arnold e subir de escada rolante. Era sagrado.
O rolê era o seguinte: subir a escada rolante e dar uma voltinha pelo primeiro piso do
Arnold. Lá de cima a gente conseguia ver o lugar por outros ângulos. Pra sair do primeiro
piso, a gente descia pela escada de madeira, passava por aquele balcão do Aqui Ingressos, dava meia volta e repetia o rolê até enjoar ou aparecer algum segurança fazendo cara feia e parar a brincadeira.
Depois de sair da escada rolante, difícil mesmo era passar em frente à única vitrine que me chamava atenção no Arnold. A vitrine da lanchonete. Um cubículo que prova para todo qualquer empreendedor a importância de escolher um bom ponto para o seu negócio. A localização ajuda, mas o segredo está naquele cheiro dos salgados que persegue você mais que o Zé Neto persegue o cargo de prefeito da cidade.
Lembro que o Arnold foi onde eu tirei as minhas primeiras fotos com o Papai Noel, aliás a galera caprichava na ornamentação natalina e junina. Subir a Escada Rolante do Arnold era um evento que revela que a gente não precisa de muito pra ser feliz. Na real, atravessar o Arnold de ponta a ponta ainda é como voltar no tempo e passear pela infância. Bons tempos!
Maurício Borges é feirense, redator publicitário e apaixonado por crônicas. Escreve para o Blog do Velame aos domingos.