Prefeitura não disponibiliza profissionais capacitados e crianças autistas ficam sem aula em Feira de Santana
Após ver de perto a situação de uma família com duas filhas autistas, no final da semana, a vereadora Lu de Ronny (MDB) denunciou o que chamou de “descaso e irresponsabilidade”, na Tribuna da Câmara, nesta terça-feira (9). Segundo ela, muitas crianças estão sem aula, porque o Município não disponibiliza profissionais capacitados para o acompanhamento necessário das atividades escolares: “Não como vereadora, mas como mãe não vou cruzar os meus braços”. Os problemas se estendem à área de saúde, com falta de assistência adequada e até medicamentos. No atual governo, critica, quem tenta ajudar está “dando murro em ponto de faca”, diante da frieza e insensibilidade dos dirigentes. “E pensar que temos um prefeito médico e uma secretária professora”, ironizou.
Defendendo que a atividade escolar faz parte do tratamento dessas crianças, por conta da socialização, a vereadora disse ainda que o governo está retirando as crianças da escola com a desculpa de que vai reformar as unidades. As problemáticas da educação foram elencadas também pelo vereador Jhonatas Monteiro (PSOL). Sobre inclusão, ele sugeriu confrontar a propaganda com a realidade e disse que o Centro Integrado de Educação Inclusiva, inaugurado recentemente, não dá conta da demanda existente.
ENTIDADE APRESENTA DADOS PREOCUPANTES
Dados sobre a situação dos autistas na educação foram apresentados pela presidente da Associação de Mães e Pais de Autistas (AMPA), Kamila Santos, que ocupou a Tribuna Livre, também nesta terça-feira. “40 alunos em casa porque nas escolas não tem auxiliar de classe, nem assistente terapêutico”, afirmou, citando que na sala em que o seu filho está matriculado são 16 alunos e somente a professora. “Também não temos suporte na saúde, as unidades não têm estrutura alguma, faltam médicos e medicamentos. “Há caso que não consegue sequer fechar o diagnóstico”, frisou.
A presidente da AMPA afirmou que o Centro Integrado de Educação Inclusiva é “uma farsa” e que a lei da carteirinha, de 2019, somente agora será colocada em prática. “Todo mundo se esconde”, lamentou. A vice-presidente da entidade, Natália Dantas, que também usou a Tribuna Livre, disse que não se tem acesso a laudo, receita e remédios. Ela contou que recentemente foi distribuída medicação em cápsula, que é difícil de ser ministrada para crianças autistas. Além de vários vereadores, acompanharam com atenção os pronunciamentos a presidente da APLB/Feira, Marlede Oliveira; Carina Macedo (Conselho Municipal de Educação); Dejane Souza (Conselho Tutelar); Elisângela Freitas (coordenadora da Escola João Paulo I); representantes da Apae, do Departamento de Educação da Uefs, da Adufs, professores e estudantes.