Pesquisadores da UFRB em Feira estudam planta suculenta para produção de biocombustíveis
Os professores e pesquisadores Carine Tondo Alves e Luciano Hocevar, do Centro de Ciência e Tecnologia em Energia e Sustentabilidade (CETENS), em Feira de Santana, vão participar da coordenação e desenvolvimento do Programa BRAVE, para a formação de uma nova cadeia de produção de agave, uma planta do tipo suculenta, cultivado para produção de fibras de sisal na Bahia, como fonte em biocombustíveis e diversos outros produtos renováveis, como etanol de primeira e segunda gerações e biogás.
Os pesquisadores da UFRB vão coordenar e desenvolver a caracterização do agave. A próxima etapa é o desenvolvimento de tecnologias em escala piloto para produção de biogás e outros biocombustíveis, “utilizando esta biomassa abundante no nosso território”, descreve a pesquisadora Carina Tondo.
Em equipamentos de Laboratório do CETENS, a serem montados até março, serão realizadas análises de caracterização da biomassa e experimentos em escala piloto de produção de biogás. No estágio atual, “os trabalhos já foram iniciados e estamos na primeira etapa do projeto, que prevê reuniões semanais, estudos e orientações”, explica Carina Tondo Alves que está retornando do período de Pós-Doutorado na Inglaterra, no qual fez estudos e pesquisou sobre biomassa e bioenergia.
Estão previstas para o desenvolvimento do projeto, em cinco anos, a produção de equipamentos para o plantio e colheita de agave, e a criação de plantas-piloto para processamento, validação e refino da biomassa. Isso permitirá que a folha de agave seja convertida em biocombustíveis como etanol, biogás e biohidrogênio e outros produtos renováveis, como fibras e bioplásticos.
Com investimento na ordem de R$ 30 milhões, em 60 meses, o projeto é financiado pela Shell Brasil, utilizando recursos oriundos da cláusula de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
O sisal é uma fibra produzida pelo beneficiamento da folha da agave, uma planta muito resistente e que se dá muito bem em regiões semiáridas como no nordeste brasileiro e tem aplicações que vão desde a confecção de fios, cordas, tapetes, sacos, vassouras, artesanatos, acessórios e o uso como componente automobilístico.
O agave possui grande potencial energético visto que sua biomassa pode ser comparada a da cana-de-açúcar, mas com demandas 80% menores de irrigação e fertilizantes, e capacidade de armazenar água e capturar carbono.
Dos 10 municípios brasileiros que mais produziram agave em 2021, nove estão do estado da Bahia, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano passado, o estado produziu 96 mil toneladas de agave. A Paraíba, que ocupa o segundo lugar, produziu 5,3 mil toneladas.