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(293) registro(s) encontrado(s) para a busca: UEFSSecretaria de Saúde de Feira participa de pesquisa para detectar novas variantes da Covid
Exames para diagnóstico da Covid-19 estão sendo realizados até sexta-feira, 23, no estacionamento da Prefeitura, na avenida Getúlio Vargas. A ação faz parte de uma pesquisa que a Secretaria Municipal de Saúde participa com a UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana) e a Fiocruz para identificar indivíduos assintomáticos, em áreas de grande circulação de pessoas em Feira de Santana. Os pesquisadores coletam exames RT-PCR, que é feito com amostras de secreções respiratórias retiradas do nariz e da garganta por swab – espécie de bastonete gigante. O PCR comprova a infecção nos dias iniciais. Segundo a coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Vigilância da Saúde da UEFS, Erenildes Cerqueira, podem participar dessa pesquisa pessoas que não apresentam os sintomas da Covid-19 e que não tenham tomado a vacina. As amostras do PCR são encaminhadas para o Lacen.
INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
“O objetivo é detectar pessoas positivas entre assintomáticos que estejam circulando nas ruas e outros espaços. Caso o resultado seja positivo para a Covid-19, será feita a investigação epidemiológica dessas pessoas e proceder o isolamento”, acrescentou.
Além do diagnóstico, através da coleta é possível rastrear as novas mutações virais decorrentes da expansão global da pandemia. Essas mutações podem gerar vírus que são mais contagiosos ou com maior risco de morte.
A testagem iniciou na semana passada no Centro de Abastecimento, onde foram realizados 330 exames. A feirinha da Cidade Nova, o Terminal Central e a Estação Rodoviária também serão pontos estratégicos para a realização da pesquisa.
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Nova avenida do bairro Papagaio será entregue nesta segunda-feira
A Prefeitura de Feira de Santana recebe oficialmente, nesta segunda-feira, 19, a avenida Josias Ribeiro, com duas pistas pavimentadas a asfalto, ciclovia e iluminação a LED. A via faz parte de um complexo de mobilidade urbana que está sendo implantado na zona norte da cidade, atualmente um dos maiores vetores de crescimento urbano. A nova avenida vai facilitar principalmente o acesso a bairros como Papagaio, Novo Horizonte e Feira VI, como também para a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), aliviando bastante os motoristas que precisam enfrentar o intenso tráfego na BR-116 Norte, a conhecida Feira-Serrinha. Além da avenida Josias Ribeiro, esse complexo de mobilidade conta com o prolongamento das avenidas Fraga Maia e Ayrton Sena, que já foi concluído; a duplicação da avenida Francisco Dias (a estrada do Papagaio) e requalificação da avenida Universitária. “São obras praticamente feitas simultaneamente, com uma fundamental importância para a mobilidade e como infraestrutura numa extensa área onde se verifica hoje o maior crescimento urbano de Feira de Santana”, destaca o secretário de Planejamento, Carlos Brito. Segundo o secretário de comunicação, Edson Borges, a entrega da obra não será uma inauguração para evitar aglomeração. Ainda na segunda-feira, o prefeito Colbert Filho vai visitar a nova avenida acompanhado do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto. O democrata, pré-candidato ao governo da Bahia vem à Feira a convite do prefeito emedebista.
Hackers invadem evento virtual do Coletivo de Mulheres de Feira de Santana e fazem ameaças
O tipo de ação criminosa que tem ocorrido em diversas reuniões online no Brasil aconteceu também em Feira de Santana. Durante a realização do 10º Seminário do Coletivo de Mulheres, em parceria com os Mulieribus, grupo de pesquisa de gênero da Uefs, hackers ligados a grupos extremistas invadiram a sala virtual, expuseram uma série de cenas agressivas e fizeram ameaças. O episódio aconteceu dia 18 de março e um boletim de ocorrência foi registrado na 1ª Delegacia Territorial, nesta terça-feira (6). Gritos, xingamentos, cenas de sexo e violência, fotos do presidente Jair Bolsonaro e do ditador nazista Adolf Hitler, ameaças escritas no chat e músicas em ritmo de funk, com letras ameaçadoras foram algumas das ações do grupo invasor, identificado como “Bonde do Javali”. O episódio foi considerado de terror pelas participantes. “Ficamos muito assustadas, tendo em vista que nunca passamos antes por uma situação dessas. Demonstra nossa vulnerabilidade e a tamanha violência que sofremos. Nos preocupa como esses grupos odiosos têm poder e aparentam ser altamente financiados. Nosso temor é pela falta de segurança que esta ação faz transparecer, por eles saberem quem somos e onde estamos”, afirma Ideojane Melo, presidente do Coletivo. Segundo ela, o que todas as integrantes do coletivo esperam diante do ocorrido é que a polícia identifique os hackers e eles sejam barrados e punidos, de modo que estes crimes não voltem a acontecer. Matérias encontradas na internet mostram que o grupo identificado como “Bonde do Javali” já vem praticando ações semelhantes ao invadir, dentre outros, aulas online, seminários e defesas de dissertações com temas ligados a direitos humanos como questões raciais, causas feministas e LGBTQIA+.
Moção de Repúdio ao governador Rui Costa divide bancada governista e acaba rejeitada
A doação da área do horto florestal mantido pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) pelo Governo do Estado, para construção de uma unidade do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), voltou a ser destaque na Câmara Municipal. Desta vez, o governador Rui Costa foi alvo de uma Moção de Repúdio, assinada por quatro vereadores e rejeitada por maioria, após muitos questionamentos e a divisão da bancada governista. A ideia é que a medida seja reavaliada. “O problema é fácil de resolver”, resumiu o vereador Pedro Américo (DEM), autor da moção, juntamente com Fabiano da Van (MDB), Pastor Valdemir (PV) e Jurandy Carvalho (PL). Ele lembrou que já solicitou a intervenção dos colegas aliados ao Governo do Estado, mas não obteve resposta. Além disso, citou a falta de sensibilidade de Rui Costa. “O governador disse no programa Acorda Cidade que pode mudar a ‘horta’ para a área da antiga sede da EBDA”, comentou. O vereador Pastor Valdemir esclareceu que a intenção não era desmerecer o governador, mas salvar o centro de pesquisa da UEFS. “Por que destruir um espaço tão importante para Feira de Santana, a Bahia e o país?”, questionou. Na mesma linha de pensamento, o vereador Jurandy Carvalho apelou para a sensibilidade do governador. “Essa medida vai massacrar as pesquisas”, pontuou. Uma das principais críticas dos vereadores é o fato de não ter havido comunicação prévia sobre a decisão. Ao declarar voto favorável à Moção de Repúdio, o vereador Jhonatas Carvalho (PSOL) argumentou de que não se pode ter dois pesos e duas medidas. Considerou a ação arbitrária e falou dos prejuízos para os estudantes. “O repúdio é à falta de atenção”, disse. Já o professor Ivamberg (PT), que é pesquisador, destacou a importância do espaço para as práticas e reafirmou o cuidado do governador com as quatro universidades estaduais da Bahia. “Não merece ser repudiado”, frisou. Em meio às críticas e cobranças pelas obras inacabadas, o Governo do Estado também mereceu elogios. O presidente da Casa, Fernando Torres (PSD), considerou a moção “uma grande injustiça” da Câmara Municipal. Segundo ele, o governador Rui Costa, depois de João Durval, foi o que mais trabalhou por Feira de Santana. “Se for aprovada, vou assinar com má vontade”, afirmou, ressaltando que foi oposição a José Ronaldo 16 anos e nunca o criticou como administrador. O vereador Paulão do Caldeirão (PSC) preferiu se abster da votação, por considerar o trabalho do governador Rui Costa e a sua relação com Feira de Santana.
Bahia lança programa para que universidades revalidem diplomas de médicos formados no exterior
Projeto para divulgar e viabilizar apoio a empreendimentos culturais negros é lançado em Feira de Santana
O Talk Show Lu Convida – Uma Prosa Preta realiza entrevistas com empreendedores culturais negros, nos dias 7, 14, 21 e 28 de março. Todas aos domingos, a partir das 17 horas, e transmitidas no canal do projeto, no Youtube. Idealizado pela empreendedora, gestora, produtora e ativista cultural Luciana Silva, o projeto é pioneiro em Feira de Santana e tem como propósito divulgar e viabilizar apoio financeiro e institucional, para segmentos à margem de investimentos de mercado ou da agenda convencional da política de cultura. “Os processos criativos são importantes para geração de trabalho, renda e riqueza econômica e os movimentos culturais, quer sejam os da tradição, quer sejam os atuais, devem ser reconhecidos e fortalecidos como necessários para a configuração e estabelecimento da cultura contemporânea, que revela a realidade presente e promove profundas mudanças na cena urbana”, frisa a idealizadora. Além das entrevistas, o Talk Show terá roda de conversa virtual com a equipe realizadora, que vai compartilhar experiências no segmento cultural feirense, apresentações e intervenções artísticas e participação do público, previamente inscrito. Os participantes poderão enviar perguntas através do chat. Haverá ainda apresentações de vídeos e depoimentos no quadro intitulado Vitrine de Projetos, onde os selecionados poderão mostrar suas ações para o público e potenciais apoiadores. Estão confirmados para o primeiro talk show o MC Preto Charus, do grupo de Rap Met’Eufóricos; Patrícia Núbia, professora de história, filosofia e sociologia (Uefs); Liz Kaapora, educadora popular, militante da economia popular e solidária, sócia da LIMPTUDO FSA; Rafael Roots, técnico em Higienização de Estofados e Esteticista automotivo, também sócio da LIMPTUDO FSA; Flavia Silva, da Tudojunto produtora audiovisual Independente; e Everton Antônio, licenciado em música pela Uefs, músico de rua, agente e ativista cultural. A realização do projeto atende ao diagnóstico cultural de Feira realizado em 2016, que foi construído a partir das concepções do Sistema Nacional de Cultura e da visão da cultura como fator de desenvolvimento humano, seguindo as orientações da ONU/UNESCO. Já a seleção dos participantes das entrevistas atende a critérios de reconhecimento de sua identidade racial negra e a sua atuação na cultura local. A ação tem o apoio financeiro da Prefeitura de Feira de Santana, através da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer via Lei Aldir Blanc, direcionado pela Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo, do Governo Federal. Interessados em apoiar ou investir no projeto podem entrar em contato com os organizadores através do WhatsApp (75) 982958686 ou pelo e-mail: [email protected]. Mulher negra com formação em Administração de Empresas pela Universidade Estadual de Feira de Santana, Luciana Silva atua com desenvolvimento de pessoas, equipes e grupos no segmento cultural em Feira de Santana.
Infectologista alerta para risco das novas variantes da Covid em Feira
Em coletiva nesta sexta-feira, 5, a médica infectologista e coordenadora do Comitê de Combate ao Coronavírus, Melissa Falcão, alerta para o aumento da taxa de contágio das novas variantes da Covid-19 que circulam em Feira de Santana. No total, quatro cepas identificadas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), duas delas do Reino Unido e de Manaus (AM) já em transmissão comunitária no Estado. Outras duas cepas no município têm origem da Nigéria, na África, denominada B1525, e uma variante brasileira B1133 (presente desde dezembro), ambas responsáveis pelo agravamento da doença. Melissa reforça que, após a confirmação da presença de novas variantes, o momento requer da comunidade cuidados redobrados, como o uso de máscaras, distanciamento social e higienização frequente das mãos. “A mudança do perfil nos atendimentos, superlotando os leitos de terapia intensiva [UTI] e a necessidade de ventilação mecânica nos pacientes, reforça que temos uma mutação viral com maior intensidade”, explica. O prefeito Colbert Filho ressaltou que o Governo Municipal, em parceria com a UEFS e a Fiocruz, realizará testes de Covid com estudo genômico em indivíduos assintomáticos, em áreas de grande circulação de pessoas. Segundo Edval Gomes, secretário de Saúde, o estudo permite o rastreamento das novas mutações virais decorrentes da expansão global da pandemia. “A ideia é entender as relações entre os tipos de coronavírus conhecidos, como eles reagem a diferentes ambientes e até mesmo como se dá o processo de mutações”. Atualmente, os 18 leitos de UTI do Hospital de Campanha continuam funcionando em sua capacidade máxima, e os de enfermaria 90% ocupados – 31 dos 35 leitos. “Temos uma média de 6 a 8 casos novos por dia precisando de internamento”, alerta Francisco Mota, diretor da unidade hospitalar.
Pais e professores relatam desinformação sobre volta às aulas em Feira de Santana
Por causa da pandemia da covid-19, escolas de todo país suspenderam as aulas presenciais e passaram a buscar alternativas de manter o processo de ensino enquanto durante a quarentena. Na rede pública municipal de Feira de Santana todas as tentativas foram frustradas até então. Pais de alunos e professores relataram ao Blog do Velame que em 2020 o ensino remoto não aconteceu. Em 2021, a nova Secretária de Educação, a professora Anaci Paim, assumiu a pasta prometendo o retorno das aulas para fevereiro, o que não aconteceu. A secretaria alega que uma licitação está em curso para adquirir tecnologia de uma plataforma de conteúdo, que viabilizaria o inicio das atividades remotas. A reportagem conversou com três professoras da rede municipal: Lumena, Sarah e Juliette. Os nomes reais foram mantidos em sigilo, a pedido das entrevistadas, que temem retaliações.
Lumena ensina em uma escola da zona rural e confirma que nenhuma atividade online foi realizada em 2020. “Os alunos foram largados à própria sorte, abandonados e tudo indica que isso vai se repetir em 2021, porque até agora não sabemos de nada. A Secretaria de Educação não nos informou nada e já estamos em março”, disse. A professora Juliette reforçou que os docentes não sabem nada além do que foi divulgado na mídia. “Tivemos uma reunião com a Secretária de Educação no mesmo período que ela apareceu na TV falando do que estava sendo feito em prol do retorno. Mas ainda não fomos convocados para mais nada além dessa reunião e dos questionários sobre as mídias disponíveis”, explicou. Esse questionário das mídias disponíveis foi enviado a todos os professores para averiguar o que cada um deles teria disponível para utilizar nas atividades, como como celular, computador e wifi.
Sarah ensina na rede municipal há 10 anos e não acredita que o modelo pensado pela Prefeitura de Feira dará certo. “Os projetos pedagógicos das escolas devem ser revistos pensando em cada comunidade. A realidade de quem está na Matinha é diferente de quem está em um bairro no centro da cidade, onde o acesso a internet é mais fácil e mais barato”. A professora acredita que essas plataformas licitadas pela Secretaria irão ajudar muito pouco. “Alguns alunos vão se sentir excluídos, os que têm deficiência de atenção, por exemplo. Será que eles estão sendo levados em consideração nesse processo? Não sabemos. Não somos ouvidos, somos apenas comunicados. É um caos”. Outro problema relatado pelas professoras é a falta de merenda. A grande maioria das crianças da rede pública vive em situação de vulnerabilidade. “A prefeitura só entregou duas cestas básicas durante toda jornada de pandemia e sabemos que isso agrava a situação dos nossos alunos mais pobres. Muitos têm a escola como principal fonte de alimentação”, lamenta Lumena.
Ellianjose Ayres, que é mãe de aluna da CEB Uefs, escola que pertence à Rede Municipal de Educação, não sabe o que vai acontecer. “Municípios menores, mais pobres resolveram a situação dos seus alunos e Feira nada. O pior é que só emitem a transferência com o ano anterior em curso e não permitem que as escolas que querem resolver a situação em conjunto com os pais, o façam”, reclama. Ellianjose falou ao blog em nome do coletivo e pais do CEB, que estão revoltados com a situação de descaso do município. Para ela, algumas pessoas podem ter ouvido as entrevistas que a Secretária Anaci Paim deu à imprensa e acreditar que as aulas remotas estão acontecendo. “O ensino remoto não aconteceu em 2020 e caminha para não acontecer em 2021”, desabafou.
Foi publicada no dia 26 de fevereiro, a resolução do Conselho Municipal de Educação que orienta a retomada e continuidade das atividades pedagógicas nas escolas da Rede Municipal de Educação e aquelas que são conveniadas ao sistema municipal. O documento regulamenta o retorno às atividades de forma não presencial em decorrência da pandemia pela Covid-19. O termo autoriza, em caráter excepcional, a retomada das atividades pedagógicas de forma não presencial enquanto se estender a situação grave instalada pela pandemia, mas não é claro quanto a data de retorno, ou que tipo de plataforma digital será usada para alcançar todos os alunos de acordo com a necessidade de cada um. “A aprovação dessa resolução é fruto do diálogo que estamos construindo há alguns meses com o Conselho Municipal de Educação e representa uma etapa fundamental para a nossa retomada pedagógica que vem sendo planejada considerando principalmente a biossegurança e o acesso de todos os estudantes da Rede Municipal”, observa Anaci Paim. Vale ressaltar que a Prefeitura precisa cumprir o prazo da lei federal 14.040 que estipula até 31/12/21 o limite para realizar toda a carga horária 2020/2021.
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Baile Surrealista será realizado em Feira de Santana
Um Baile Surrealista Festival On-line vai acontecer no dia 20 e 21 de fevereiro reunindo artistas de Feira de Santana. Serão dois dias de atividades gratuitas com música, dança e mesas que serão transmitidas via YouTube no canal do evento. O baile Surrealista acontece na cidade desde 2015 e já transitou por vários centros artísticos de Feira de Santana, como o CUCA, Centro de Cultural Amélio Amorim, Museu de Arte Contemporânea (MAC) e a UEFS. O projeto tem apoio financeiro da Prefeitura de Feira de Santana através da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer através da Lei Aldir Blanc, direcionado pela Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal. Para maiores informações acessem o Instagram @bailesurrealista
Médico feirense publica livro sobre a história da 1ª Santa Casa do país
Autor de dois livros sobre a Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana, o médico, professor da UEFS, ex-vereador e ex-secretário municipal de Saúde, João Batista de Cerqueira estará lançando nesta sexta-feira (15) mais uma obra do gênero. Desta feita, ele conta a origem e a evolução da única Santa Casa instituída pelo imperador dom Pedro I, a do município de Cachoeira, no recôncavo da então província da Bahia, em 1826.
A pesquisa cumpre tese de Doutorado do médico feirense, aprovada no Programa de Ensino, Filosofia e História das Ciências, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Sob o título “Caridade, Política e Saúde”, o documentário será lançado às 19 horas na Igreja da Santa Casa de Cachoeira – Hospital São João de Deus, naquela cidade.
Mantenedora do Hospital São João de Deus, a entidade chegou a receber status semelhante ao das Santas Casas de Portugal, em 1831, por decreto do influente ministro da Justiça na Regência, Lino Coutinho. Formado em medicina na Universidade de Coimbra e primeiro diretor da Faculdade de Medicina da Bahia, ele foi um grande colaborador desse Estado.
Segundo o estudo realizado pelo doutor João Batista, a conquista obtida por Cachoeira, no Brasil Império, representa o início da rede assistencial em saúde e constitui até mesmo um marco para a implantação das Santas Casas no país. “A pesquisa nos revela fatos históricos surpreendentes ocorridos ao longo do quase tricentenário (são passados 292 anos) do Hospital São João de Deus, bem como sobre o papel da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira como a primeira Irmandade no segmento de saúde no Brasil, instituída por ato do Imperador D. Pedro I, em um Brasil já independente de Portugal”, diz o autor.
Estudantes, professores e pesquisadores estão convidados pelo Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira, Luís Araújo, a assistir ao lançamento, nesta sexta, podendo acompanhar o evento, ao vivo, pela internet. A transmissão em tempo real será feita pelos canais de TV, no Youtube, da EDUFBA (Editora da Universidade Federal da Bahia) acessando o link: https://youtu.be/K9dlGbTQlJA, e também pelo canal Youtube da Fundação Hansen Bahia, clicando no endereço https://youtube.com/channel/UCs_bB2yrq0Yb9Wi6zSy_AsA.
Nome do novo secretário de saúde de Feira de Santana é divulgado
O prefeito de Feira de Santana, Colbert Filho (MDB), publica nesta terça-feira (12), no Diário Oficial do Município o nome do novo Secretário Municipal de Saúde. Trata-se do cardiologista Edval Gomes, diretor médico da Santa Casa Misericórdia Feira de Santana. Ele possui vasta experiência no setor de saúde. O novo responsável pela pasta, se formou em 2004 na Universidade Federal da Bahia e em cardiologia pela Fundação Bahiana de Cardiologia. Possui título de especialista em cardiologia emitido pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e Associação Médica Brasileira (AMB). Mestre em Medicina e Saúde pela UFBA. Professor de medicina da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), além de diretor médico da clínica Núcleo Bahiano de Cardiologia em Feira de Santana. Ele substitui enfermeira Denise Mascarenhas que estava no cargo há mais de 10 anos.
Secretária Anaci Paim diz não ter pendências no Tribunal de Contas
Quatro dias após o Blog do Velame relembrar sobre as contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado da nova secretária de Educação de Feira de Santana, ela resolveu se manifestar sobre o assunto. Segundo a assessoria de Anaci Paim, “não há qualquer irregularidade referente à prestação de contas em nome da professora Anaci Bispo Paim, secretária municipal de Educação, conforme certidão emitida pelo Tribunal de Contas do Estado da Bahia no último dia 10 de janeiro”.
Para a Prefeitura, o documento, encaminhado aos veículos de comunicação de Feira de Santana nesta segunda-feira, 11, certifica a legalidade das contas durante toda a carreira da professora – incluindo o período como reitora da UEFS, secretária estadual de Educação e a passagem pela Seduc Feira no ano de 2009.
No ano de 2009, a professora Anaci Paim foi acusada pelo Tribunal de Contas de irregularidades e convidada a esclarecer possíveis implicações em suas contas referentes ao período em que ocupou o cargo de secretária estadual de Educação – de 2003 a 2005. Ela chegou a ser demitida da Secretaria de Educação de Feira de Santana pelo então prefeito Tarcizio Pimenta por conta das acusações. “Se trata de informações e esclarecimentos que foram prestados há muito tempo ao Tribunal de Contas, não havendo registro de nenhuma pendência junto aos órgãos competentes. De toda forma, estou à disposição para esclarecer qualquer dúvida”, ressalta a professora.
Nova secretária de Educação teve contas rejeitadas por irregularidades
Decreto publicado em edição extra do Diário Oficial do Município, nesta quinta-feira, 7, nomeia a professora Anaci Paim para o cargo de Secretária de Educação de Feira de Santana. A decisão do prefeito Colbert Filho (MDB) surpreende já que ela estava afastada da política desde 2009. Em Feira de Santana, Anaci Bispo Paim já foi reitora da UEFS e Secretária de Educação na gestão de Tarcízio Pimenta. Foi afastada por Tarcizío, na época, por conta da divulgação de irregularidades na gestão dela quando comandava a Secretaria Estadual de Educação no governo de Paulo Souto. Na gestão da educação estadual, Anaci teve rejeitadas as contas de 2003, 2004 e 2005 por conta de diversas irregularidades. A administração dela foi acusada de pagar R$ 1.191 como preço unitário dos kits de Ciências para o programa de regularização do fluxo escolar. Segundo a auditoria do Tribunal de Contas do Estado o valor de mercado era R$ 616, Com isso o estado teria gasto ao todo R$ 788 mil a mais. O TCE também apontou que R$ 54 mil foram pagos a fornecedores sem que o bem tenha sido recebido e R$ 83 mil para realização de serviços em escolas, que não foram feitos.
Coro Cênico do Neojiba Feira é convidado a se apresentar noPeru
O Coro Cênico do Núcleo Territorial NEOJIBA Feira de Santana se apresenta hoje (29) no Encontro Internacional de Coros “Celebrando al Perú”, transmitido virtualmente da cidade de Trujillo, no Peru. Promovido pela Associação Cultural Coral Trujillo, o evento comemora o bicentenário de independência da cidade, conhecida por sua contribuição no processo emancipatório do país. O evento está programado para acontecer às 22h, horário local.
No Encontro, o Coro Cênico apresenta as músicas Ciranda de Praia, do compositor brasileiro Gabriel Levy, e Hanacpachap Cussicuinin, canto processional peruano, de autor anônimo, datado do século XVII. Com o objetivo de difusão da música para que o público tenha a oportunidade de escutar coros do Peru e de diversos outros países, o Festival possibilita a ampliação do alcance dessa manifestação vocal na cultura popular.
Além do Coro Cênico do NTN Feira de Santana, o Coro Comunitário do programa NEOJIBA, sediado em Salvador, e formações musicais de países como Argentina e Colômbia também se apresentam no Encontro Internacional de Coros “Celebrando al Perú”. A participação do Coro Cênico no evento finaliza as atividades do ano letivo do programa NEOJIBA em Feira de Santana.
Criado em 2020, o Coro Cênico é um desdobramento da atividade de prática coral desenvolvida no Núcleo Territorial NEOJIBA Feira de Santana desde 2015. Hoje o Coro Cênico possui 27 integrantes entre crianças, adolescentes e jovens de 7 a 16 anos e tem como objetivo desenvolver as potencialidades artísticas dos seus integrantes promovendo a musicalização, expressividade e valorização do instrumento voz, em conjunto com os Contos Cantados de Tradição Oral. Ao longo dos cinco anos de existência, a formação se apresentou no Encontro de Corais do Recôncavo (ECOS), em Santo Amaro, na Biblioteca Municipal de Feira de Santana, Biblioteca Julieta Carteado (UEFS), Teatro Amélio Amorim, praças do complexo Estação Cidadania e Cultura, além das apresentações em práticas sociais. O Coro Cênico do NTN Feira tem como responsáveis as instrutoras Denise Fersan e Cláudia Santos.
Câncer e Feminicídio
*Por Daniele Britto
Esta última semana foi marcada pela repercussão de alguns casos de feminicídio na mídia baiana. Eu digo propositalmente “alguns”, pois sabemos que este número não representa a totalidade de casos em todo o Estado no mesmo período. As histórias de Selma, morta em abril de 2019; de Tatiana, morta a tiros na garagem do prédio onde morava no último dia 10/12/20 e de Elba cujo corpo foi encontrado no último dia 11/12/20 em um apartamento em Salvador ganharam o noticiário e, sem dúvidas, mexeram com muita gente.
Um pequeno resumo de cada caso: os suspeitos pela morte de Selma são o seu marido Éden Márcio e a amante dele, Ana Carolina. O caso ocorreu em abril de 2019 mas só agora, por uma série de fatores, o Ministério Público da Bahia conseguiu promover a denúncia na qual, inclusive, se pede a prisão preventiva dos suspeitos. Conforme o laudo necrópsia, o corpo de Selma tinha diversos hematomas no corpo e um edema no cérebro, oriundo, provavelmente, de alguma pancada. Era formada em administração de empresas, tinha 42 anos e duas filhas pequenas.
Tatiana foi morta a tiros na garagem do prédio em que morava pelo ex-namorado, João Miguel Martins, que cometeu suicídio logo depois. Conforme depoimentos de amigas próximas, Tatiana decidiu terminar o namoro depois que descobriu as acusações de violência doméstica que recaiam sobre o namorado que, naquela altura do relacionamento, já apresentava comportamentos que incomodavam Tatiana. Ela tinha 39 anos, era estilista e tinha acabado de se mudar para o novo endereço tentando fugir do ex-namorado que não aceitava o fim do relacionamento.
Elba, como disse acima, foi encontrada morta em um apartamento em Salvador, local no qual também foi encontrado o corpo do seu marido Pompílio Bastos e uma arma. O caso está sendo investigado. Não consegui saber muito sobre ela, pois em praticamente todas as matérias, reportagens e condolências que vi sobre o caso priorizavam a figura do marido, que era prefeito na cidade de Conceição da Feira. Pouco – ou quase nada – se disse sobre Elba. Ela tinha 47 anos.
No último dia 10/12/20 também foi assinado um documento intitulado “Protocolo do Feminicídio”. Consta no site oficial do governo do estado que este é “um documento com quase 200 páginas que traz orientações, diretrizes e linhas de atuação para melhorar todo o processo judicial e de investigação desse tipo de crime”. Não tive acesso ao documento baiano, mas li o “Modelo de protocolo latino-americano para investigação de mortes violentas de mulheres (femicídios/feminicídios)” disponibilizado pela Onu Mulheres e afirmo sem nenhum temor: aqui na Bahia – e em todo Brasil – estamos muito longe de efetivar e promover tais diretrizes.
A Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), da qual o Brasil é signatário, tem como um dos seus 17 objetivos alcançar a igualdade entre os gêneros no que eles chamam de “Por um planeta 50-50”. Destaco que, atualmente, o Brasil também ocupa o 5o lugar no ranking mundial do feminicídio e que durante a pandemia, os casos de feminicídio cresceram 22% em 12 estados do País. Conforme informações da Agência Brasil, no Acre o aumento foi de 300%; no Maranhão 166,7% e em Mato Grosso, 150%.
Muitas e muitos que me leem neste exato momento devem estar revoltados e até assustados com a minha aparente negatividade. Ora, quem já esteve em uma delegacia ou nas unidades de uma “delegacia da mulher” seja como vítima ou acompanhando uma como advogada sabe exatamente do que estou falando. Senhoras, senhores! Estamos no Brasil que, mesmo se sabendo que 39% dos feminicídios são cometidos por arma de fogo, zera o imposto de importação de quê? Armas de fogo!
A colega advogada e doutora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo da UFBA, Angela Farias, tem diversas pesquisas, artigos que nos informam, por exemplo, que a catalogação dos homicídios na Bahia não é feita pelo poder judiciário e sim pelo SUS, o que dificulta o alcance do percentual exato de feminicídios que podem ir muito além desta realidade que nos é apresentada.
Outra colega advogada, Lorena Aguiar, apontou, assim como Ângela Farias outro fato importante: ainda se insiste em querer classificar o feminicídio como “crime passional”, ou seja, fazer uso do caso de diminuição de pena sob a justificativa da “violenta emoção”. Feminicídio é crime de ódio e não se deve titubear em relação a isso. Nosso sistema penal é firmado em uma cultura patriarcal, onde teses como esta e tantas outras que desqualificam à vítima ainda são aceitas com facilidade em muitos tribunais do júri Brasil afora.
Além de tudo isso – que representa um percentual ínfimo diante do real – temos um claro projeto de poder que pretende minar todos os avanços acerca dos debates e políticas de gênero (identidade, violência, etc), sexualidade, e claro, raça. Se você se pergunta se é necessário o recorte racial nestes debates envolvendo violência de gênero informo que, conforme o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial, de 2017, jovens negras com idade entre 15 e 29 anos têm 2,19 vezes mais chances de serem assassinadas no Brasil do que as brancas na mesma faixa etária. De uma vez por todas: a morte de mulheres negras e mulheres brancas não são a mesma coisa e, muito menos, repercutem da mesma forma.
Acrescento, ainda, que do mês de janeiro a 31 de agosto de 2020, foram assassinadas 129 pessoas transexuais no país, um aumento de 70% em relação a 2019. O que eu ressalto é que, das 129 vítimas mapeadas, todas tinham expressão de gênero feminina. Estes dados estão disponíveis no Boletim nº 4 de Assassinatos contra travestis e transexuais em 2020 elaborado pela Associação Nacional de Transexuais e Travestis (Antra).
Ser mulher em um país onde em ao menos 12 municípios temos as mesmas ou até mais chances de morrer vítimas de agressão do que de câncer ou de doenças do sistema circulatório – que são as duas principais causas de mortes de mulheres no Brasil – é assustador, frustrante. Dá medo todos os dias. Mas, precisamos seguir em frente.
Mulheres, se cuidem.
Se neste exato momento você se reconhecer como vítima de violência doméstica, denuncie. Peça ajuda. A violência doméstica pode ser física, psicológica, moral, sexual e patrimonial, conforme a Lei Maria da Penha.
*Daniele Britto Advogada e Jornalista Mãe, feminista, antirracista e aliada na luta contra a homotransfobia Pesquisadora no grupo Corpo-território Decolonial (Uefs) Mestranda PPGE/Uefs
Reflexões e sequilhos de coco
*Por Daniele Britto
Foi difícil escolher um tema específico para o artigo deste sábado. Tantos fatos pertinentes a serem analisados e outras tantas reflexões entrelaçadas e necessárias. Porém, ao rascunhar sobre tudo o que queria escrever, mais uma vez visualizei que todas as temáticas estão fortemente relacionadas e que, talvez, o meu papel aqui seja só reunir tudo em um só lugar e mostrar que determinados problemas têm a mesma origem.
Primeiro, preciso fazer uma breve introdução sobre a minha forma de ver, compreender e formular resistências neste mundo. Meu olhar sempre vai partir das responsabilidades e ações do meu corpo-território (MIRANDA, 2014). Minhas insubmissões e passos encontram justificativa na minha subjetividade. As minhas percepções do mundo, portanto, são frutos de todas as minhas experiências e acúmulo de conhecimento que, vale ressaltar, são coisas bem diferentes.
O que você precisa saber, afinal? De forma mais do que resumida informo que estas linhas são escritas por uma mulher feminista, antirracista, anti-homotransfobia e que aprendeu a respeitar as encruzilhadas. Também gosto de caipirinha com açúcar e faço bolos horríveis mas, no momento, isso não é tão relevante.
Na última sexta-feira (04/12/20), uma matéria da revista eletrônica piauí (é com “p” minúsculo mesmo, tá?) revelou detalhes do assédio sexual sofrido pela atriz e humorista Daniella Giusti, a engraçadíssima e talentosa Dani Calabresa, bem como toda a cadeia de omissões da Rede Globo e de tanta gente que deveria agir de forma diversa. O assediador é o ator e roteirista Marcius Melhem, que segue contraditoriamente se desculpando e negando o fato.
Dani, minha xará, está recebendo o apoio de muita gente anônima e famosa. Isso é bom, isso é ótimo isso é necessário. Mas, preciso lançar uma provocação: será que se a denunciante fosse a Érica Januza ou a Pathy de Jesus, atrizes negras, o apoio e a repercussão seriam nos mesmos termos? Será também que o Marcius que estava alcançando uma ótima audiência seria demitido?
Trago, agora, outro fato que talvez não tenha ganhado tanta repercussão, mas que também considero institucionalmente grave: no último dia 1/12/2020, o colégio de presidentes de seccionais da OAB votou a proposta de paridade feminina nas eleições do órgão já para 2021. A ideia é que as mulheres ocupem 50% dos cargos de comando, já que atualmente não existe nenhuma mulher presidente de seccional no país.
Dos 27 presidentes, todos eles homens, 13 votaram a favor da paridade já em 2021 e os outros 13 defenderam que deveria existir um plebiscito com toda a advocacia para discutir a paridade. Um presidente se absteve de votar. O desempate, coube a outro homem, o presidente do Conselho Federal, Felipe Santa Cruz, que votou a favor da paridade já em 2021. A questão ainda será julgada no Conselho Federal da OAB.
Só uma observação: Dos 81 atuais conselheiros titulares, 61 são homens e 23 são mulheres. O medo da repercussão negativa – não a consciência – fez com que os presidentes que votaram contra mudassem o voto para constar que foi uma [falsa] decisão unânime.
Na mesma oportunidade, foi votada a inclusão imediata de cotas raciais nas eleições da OAB. A proposta apresentada pelos juristas foi de 30%, mas o percentual aprovado na eleição foi de apenas 15%. Disseram que este percentual será posteriormente reavaliado a partir de um censo da advocacia, sabe-se lá quando. Informação importante: apenas um dos conselheiros federais é autodeclarado negro e não há nenhuma mulher negra como presidente de seccional.
O próximo fato – e suas consequências – diz respeito às eleições municipais de 2020. Conforme a revista Gênero e Número, nenhuma capital brasileira elegeu uma mulher como prefeita. No segundo turno das eleições, mulheres disputavam a prefeitura em 20 cidades mas só se elegeram em sete. Destas 20 candidatas, apenas quatro eram negras e, destas quatro, apenas uma se elegeu: Suéllen Rosim, que nem tomou posse e já sofre violentos e públicos ataques racistas.
Em todo país temos apenas 658 prefeitas (13%), contra 4.800 prefeitos (87%), números que falam por si. Conforme Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua realizada em 2019, a população brasileira é composta por 48,2% de homens e 51,8% de mulheres.
Por último destaco falas recentes no Twitter do atual ministro da justiça, André Mendonça, que se qualifica nas redes sociais também como “Doutor em Direito Público e Pastor Presbiteriano”. Mendonça foi tentar “defender” a cantora evangélica Ana Paula Valadão que protagoniza como investigada um inquérito no MPF, por falas homotransfóbicas que associam a união entre pessoas do mesmo sexo à Aids.
Na defesa do indefensável, o ministro utiliza no seu texto o termo “homossexualismo”, retirado há 30 anos da classificação de doenças pela Organização Mundial de Saúde. Ressalto que estamos falando do ministro da Justiça.
Diante destes pequenos recortes que fizeram minha cabeça ferver nos últimos dias, pergunto: dá pra não ser feminista, antirracista e combatente da homotransfobia? A gente sabe que dá, mas eu optei por ser tudo isso e mais um pouquinho. Mereço aplausos? Nenhum.
Dia após dia estudo e trabalho para ser e ganhar aliades para estas lutas. A genial e necessária Lélia Gonzalez afirma que “emoção, a subjetividade e outras atribuições dadas ao nosso discurso não implicam na renúncia à razão, mas, ao contrário, num modo de torná-la mais concreta, mais humana e menos abstrata e/ou metafísica. Trata-se, no nosso caso, de uma outra razão”. Lélia e sua capacidade de nos revirar me traz fôlego, sempre.
Meu ”eu” informa que também adoro maniçoba, sequilhos de coco e que toda esta luta está longe de acabar.
*Daniele Britto Advogada e Jornalista – Mãe, feminista, antirracista e aliada na luta contra a homotransfobia Pesquisadora no grupo Corpo-território Decolonial (Uefs) Mestranda PPGE/Uefs
Começa nesta quinta-feira (3) a matrícula para o Programa Universidade para Todos
A Secretaria da Educação do Estado (SEC) inicia, nesta quinta-feira (3) e prossegue até a próxima segunda-feira (7), a matrícula para os selecionados no Programa Universidade para Todos (UPT). O UPT é desenvolvido em parceria com as universidade (UNEB, UESC, UESB, UEFS e UFRB), com o objetivo de contribuir para o ingresso dos estudantes no Ensino Superior.
A matrícula será feita exclusivamente on-line, em plataforma específica adotada por cada universidade parceira. O passo a passo para o processo em cada universidade está disponível no Portal da Educação (www.educacao.ba.gov.br/). Esse ano foram ofertadas 12.105 vagas, totalizando 17.232 inscritos, nos 27 Territórios de Identidade da Bahia.
No ato da matrícula on-line o candidato contemplado preencherá uma ficha contendo informações pessoais e escolares, um termo de compromisso atestando a veracidade das informações e cadastrará uma senha pessoal e intransferível. No retorno às atividades na modalidade híbrida (tempo casa/tempo escola), o estudante irá fazer a comprovação com a apresentação dos documentos, constantes no Edital SEC/CEPEE 011/2020 (https://bit.ly/3fVQDhs).
As atividades do UPT intensivo estão estruturadas para serem desenvolvidas, com 6h diárias de estudo, com atividades regulares e complementares, utilizando de recursos digitais e/ou tecnologias de informação e comunicação como plataformas digitais, vídeoaulas, aulas on-line ao vivo, lives semanais, com conteúdos preparatórios, concurso de redação, simulados, aulões virtuais interdisciplinares, repositório de aulas e trilhas de aprendizagem.
Os estudantes serão acompanhados e monitorados diariamente, para assegurar o engajamento na realização das atividades propostas para o fortalecimento da aprendizagem. Havendo a possibilidade de retomada presencial, as atividades nos municípios e nos polos de funcionamento, conforme anexo II do edital, passarão a ser ofertadas na modalidade híbrida (tempo casa/tempo escola).
Início das aulas – Assim como ocorre no formato presencial, na primeira semana acontecem as aulas inaugurais, que esse ano será de 08 a 11 de dezembro, oportunidade para o acolhimento dos cursistas e apresentação da metodologia das atividades do Programa. Além disso, serão promovidas palestras e rodas de conversas com apresentação das políticas de assistência e permanência estudantil, depoimentos e vivências de cursistas egressos e professores sobre a experiência do Ensino Superior, dentre outros temas
A história que não querem te contar – ou que você não quer ouvir.
Por Daniele Britto*
Gostaria de compartilhar um pouco da pesquisa na qual venho me dedicando nos últimos dias. Meu objetivo era compreender os últimos 100 anos da história política de Feira de Santana e como se forja a nossa percepção sobre o assunto. Mas, nem mesmo este intervalo centenário na linha do tempo da nossa história foi capaz de me fornecer respostas. Fui mais além.
Retrocedendo o marco existencial romantizado da fundação da cidade que tem o casal Ana Brandôa e Domingos Barbosa de Araújo como protagonistas, adentramos uma seara inóspita, praticamente desconhecida pela maioria de nós. Há alguns dias busco trabalhos acadêmicos e bibliografias perdidas sobre o nosso territórios, para tentar entender como viemos parar aqui nessa demarcação temporal que conhecemos como “hoje”.
Às vésperas de uma eleição para o segundo turno, eu quis compreender do que, de fato, se tratavam os principais argumentos dos dois candidatos ao pleito: o que seria “mudança” e o que representaria a “continuidade”? Quem são estes personagens da disputa e o que move as suas ideias? É o que pretendi descobrir.
Em uma dissertação de mestrado acerca do período colonial em Feira de Santana, a pesquisadora escreveu uma frase que me marcou profundamente: “uma das tarefas do historiador é recuperar a história, inclusive os seus silêncios”. A partir disso entendi que, neste momento, precisamos estar atentos mais sobre o que [os nossos candidatos] NÃO estão falando do que com o que é efetivamente dito.
Li sobre as políticas de expansão de Portugal no Século XV, e relembrei que aos donatários das capitanias hereditárias eram dados os poderes de: ministrar a justiça, distribuir terras de sesmarias, arrecadar os dízimos e fundar povoações. Isso é tornar-se o velho e conhecido “dono da porra toda”. Para nós, dois nomes importam: Francisco Dias d’ Ávila e Antônio Guedes de Brito. Esses dois daí eram donos de tudo. E todos.
Feira foi desmembrada de Cachoeira, mas era muito maior do que é hoje. Curiosamente, até Santa Bárbara fazia parte do município e eu não disse que isso significa nada. Talvez subliminarmente, quem sabe? Li sobre gado. Muito gado pra pouquíssimos proprietários. Fazendas cresciam, impostos eram gerados e pagos à Coroa Portuguesa mas, nem tudo eram flores: os negros fugidos e os índios rebeldes criavam problemas. Muitos problemas.
Índios e negros representavam ameaça à colonização e consequentemente, ao progresso e ao desenvolvimento. E isso justificava a captura destes indivíduos, pois, era justo e necessário frear quem impede o progresso. E é a partir daqui que a história de Feira de Santana é contada de três maneiras diferentes: pela tendência tardicional dominante, que foca no casal Araújo e Brandoa; uma intermediária, que fala sobre o casal mas lança algumas tímidas críticas e, por último a tendência considerada polêmica, pois coloca holofotes em um nome que pouco ouvimos: João Peixoto Viegas, um sertanista e abastado proprietário de terras. Homem que sabia caçar negro escondido e índio bravo; que multiplicava seus domínios – e seu gado – como mágica – e com violência. Não era um bom gestor e sim um exímio explorador. Nem preciso dizer que pulei tudo e me voltei para a versão polêmica que tinha como principais fontes Godofredo Filho e o Monsenhor Renato Galvão.
Pra facilitar, um resumo: mesmo na versão mais polêmica da história de Feira, as relações entre poder e memória se resumem a homens brancos e a forte e decisiva participação da igreja cristã em tudo. De volta ao presente, pergunto: ate onde sua memória alcança, já foi diferente? Hoje está sendo diferente?
Os personagens apagados e silenciados de ontem permanecem, hoje, os mesmos. Mais de 400 anos depois, é só olhar para Feira de Santana e ver isso nitidamente. Feira foi construída à base de exploração, favorecimentos de determinados grupos e extermínio de quem valia menos que pasto. A tal “mudança”, da forma que deveria ser, talvez nunca chegue e a “continuidade” só continuará beneficiando os de sempre.
Se não quiser seguir o meu exemplo e futucar a linha do tempo entrecortada da história de Feira, analise, ao menos, os últimos cinquenta anos: é uma dança das cadeiras com convidados limitados, sendo que alguns deles ao tempo que são inimigos, outra hora, de acordo com os seus interesses, então do mesmo lado da arquibancada torcendo para o “ex-amigo” quebrar a perna.
Já tive firmes convicções políticas, mas hoje prefiro manter apenas as ideológicas. Sempre optei pela minha liberdade e me recuso a me filiar a qualquer grupo que me imponha condições cerceadoras ou me faça sentir uma palhaça ou marionete desesperada. Minha crítica não está à venda e, da mesma forma, os meus elogios.
É por isso que o meu voto será uma conta simples a qual deixará tranquila a minha consciência e a minha dignidade: quem mais se aproxima do exímio exterminador de índios e empreendedor do ramo de navios negreiros e tráfico de escravos João Viegas, o “rei” do fumo e detentor de um dos maiores latifúndios do Brasil, não terá o meu voto.
E você? Já conseguiu enxergar a história que não querem te contar ou vai optar por ser o gado desse latifúndio?
*Daniele Britto
Advogada e Jornalista
Mãe, feminista, antirracista e aliada na luta contra a homotransfobia
Pesquisadora no grupo Corpo-território Decolonial (Uefs))
Mestranda PPGE/Uefs
Estrada do Papagaio está sendo estruturada para ser duplicada
A rede de captação de águas pluviais da rua Rubens Francisco Dias, conhecida como Estrada do Papagaio, e da rua Jonas Rodrigues Sampaio, está sendo instalada. Ambas vão direcionar a água das chuvas para lagoas existentes na região.
A Rubens Francisco Alves terá a pista duplicada, entre a BR 116 e o Centro Diocesano, que vai facilitar o tráfego de veículos numa das regiões que mais cresce, em termos de expansão habitacional da cidade. A Prefeitura de Feira de Santana também vai recuperar a pavimentação da rua Universitária, que faz interseção com a rua Jonas Rodrigues, que ganhará pavimentação com asfalto a quente.
As intervenções nestas ruas oferecerão outra opção de acesso à BR 116 e vai encurtar distâncias para a UEFS, a partir da Fraga Maia e a Fagundes Filho. O investimento nesta obra passa de R$ 11 milhões.
A rede na Rubens Francisco Dias terá cerca de 1,2 quilômetro de extensão, com manilhas com diâmetros entre 0,80 centímetros, 1 metro e 1,2 metro. Operários estão fazendo as bocas-de-lobo na rua Jonas Rodrigues Sampaio, onde terrenos foram desapropriados para enlarguecê-la.
Olá, Covid
Por Daniele Britto*
Foram litros de álcool, máscaras descartáveis, máscara de pano, face shield, abraços negados, brindes adiados e uma rotina de espiritualização intensa para não sucumbir aos pés da ansiedade e do pânico.
As crianças ficaram bem guardadas, assim como boa parte da família. A minha mãe (teimosa), nossa preocupação-mor, aceitou a inversão de papéis e obedeceu filhas, filho e a netalhada toda. Mês a mês, o gostinho do brigadeiro de cada aniversário fez uma falta enorme e tivemos que nos contentar e ter paciência com o delay do Google Meet na hora dos parabéns.
Fizemos tudo certinho. Eu passava e repassava instruções incansavelmente e minha mão até despelou de tanto álcool em gel. Já briguei com meu marido Rafael por conta de álcool. Em gel. Sim, eu cheguei a esse ponto.
As crianças não se adaptaram às aulas remotas, então, desistimos dela. Mas não de ensinar. Do nosso jeito, utilizando a criatividade e doses extras de instinto, foi dando certo. Clara já está quase lendo e Tom já consegue desenhar bonecas e bonecos com cabeça, tronco, membros. Até cílios ele coloca. Mas não foi só isso que eles aprenderam. E nem nós.
Nossos trabalhos, atividades acadêmicas e de pesquisa foram todos remotos. Eu tenho certeza que minha hipermetropia aumentou, mas foi uma experiência única. A coluna doendo, o cérebro feliz e o coração emocionado por cada novo aprendizado, por releituras transformadas. Nossa, eu que sou de poucos, fiz tantos amigos na quarentena, isolada. Nem eu sei explicar esse fenômeno de empatia.
Pois bem. O que você pensar, nós fizemos. E também não fizemos o que não deveria ser feito. Aqui em casa formamos um bonde que por nove longos meses conseguiu barrar a Covid-19. Até o último dia 4/11, quando recebi o meu “detectável” no exame. Só eu. Rafael e as crianças, não.
Eu não imaginei que aquela coriza tão comum pra mim (tenho rinite alérgica) e aquela dor de cabeça chata, mas não mortal pudesse significar alguma coisa. Mas eu tive contato com alguém que, depois, descobri que estava contaminada. Não tive paz. Segui os protocolos e bingo: o resultado confirmou o que eu intuitivamente certamente já soubesse.
Estou bem. Estou isolada. Não sei bem o que fazer com essa pausa na vida, se leio, se durmo, se maratono uma série, se apago as fotos inúteis do meu celular ou tudo isso. Trouxe para o quarto o computador, caderno, livros, minhas canetas coloridas mas ainda estou confusa, pois não me sinto tão doente. Claro que isso me alivia, mas é estranho.
Comecei a pesquisar mais sobre os estudos da Covid-19 e me assustei com os dados sobre a reinfecção. Descobri que os assintomáticos têm maior probabilidade de se reinfectar e algumas pessoas que tiveram sintomas severos não produziram anticorpos. Li, cansei o Google e entendi que, verdadeiramente, não se sabe quase nada. Parei pra não pirar. Não é o momento.
Estou um pouco cansada, agora. Meu corpo está implorando para deitar. Pra mim é um pouco constrangedor dizer isso, confesso. Penso em tantos que não puderam – e nem poderão – se cuidar como eu faço agora, ou que morreram antes de entender o que estava acontecendo.
A todo momento recebo instruções, carinho, mensagens e tudo que intensamente alimenta a imunidade. Até vitamina C já ganhei. Minhas crianças pensam que estão de férias na casa da avó, mas estão cientes que a mamãe tá “dodói com coronavírus”. E que permaneçam assim, amenos. Não precisam ter sobre os ombros e cabecinhas a penumbra dos respiradores ou enterros sem parentes. É demais.
A única certeza que tenho nesse momento é que, pra mim, ter Covid-19 não significa que acabou. Para minha sorte, é só uma pausa. Em breve voltaremos com a (intensa) programação normal com direito a renovação do estoque de máscaras e regada a muito álcool em gel. Esse looping tá longe de acabar.
Se cuidem.
*Daniele Britto
Advogada e Jornalista
Mãe, feminista, antirracista e aliada na luta contra a homotransfobia
Pesquisadora no grupo Corpo-território Decolonial (Uefs)
Mestranda PPGE/Uefs