No Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, vereador e médico discutem na Câmara de Feira: ‘Se eu lhe atendesse de peruca, o senhor ia querer morrer ou ser salvo?’
Nesta quarta-feira (28), é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+. Data que surgiu a partir de um confronto em 1969, nos Estados Unidos, entre policiais e manifestantes que defendiam um clube gay americano, pela liberdade e o direito de ser quem são.
Hoje, na Câmara de Vereadores, dois convidados foram dialogar sobre a necessidade de unir forças para combater as mais variadas discriminações na sociedade. Kelly Alves, presidente da União de Transgêneros de Feira de Santana e o médico Carlos da Costa Lino – que em meio a um episódio de homofobia no Hospital da Mulher, prestou solidariedade ao colega, atendendo uma paciente com peruca.
Após a fala, o médico que, na tribuna da Casa estava como drag queen, Diamann Nefer, foi questionado pelo vereador Edvaldo Lima (MDB) sobre o caso no Hospital da Mulher.
“Quando o senhor colocou a peruca e outros objetos para atender a paciente, que naquele momento precisava de ajuda, porque o senhor se ‘transvestiu’ de outra modalidade? O senhor não acha que isso foi afrontar o código de ética do seu paciente e o qual o senhor exerce da medicina?”, perguntou.
No final do questionamento do emedebista, que ressaltou não estar discutindo sexualidade e, sim o atendimento médico, a presidente da Câmara, Eremita Mota (PSDB) precisou intervir para que o convidado que estava na tribuna da Câmara respondesse o vereador e a palavra fosse garantida.
“Se o senhor chegasse morrendo no plantão e eu lhe atendesse de peruca, o senhor ia querer morrer ou ser salvo? Me fala! Eu coloquei uma peruca no plantão e você chegou precisando de mim, você prefere morrer ou ser salvo por mim?”, devolveu o médico que protestou a respeito do tom utilizado por Edvaldo.
Após a discussão, alguns vereadores questionaram o ocorrido e demonstraram solidariedade com o convidado.
“Que a gente não marque um momento que deveria ser de consciência em relação à dignidade e igualdade entre todas as pessoas. Que a gente celebre a diversidade humana como um ganho. Para que não avance em algo que mancha aquilo que é o espaço chamado de Casa da Cidadania”, defendeu Jhonatas Monteiro (PSOL).