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Feira de Santana / 27 de junho de 2024 - 06h 41m

Mulheres denunciam assédio sexual em Sindicato de Feira de Santana

Mulheres denunciam assédio sexual em Sindicato de Feira de Santana
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Casos de assédio de diversas formas, incluindo de ordem sexual e ameaça de morte por parte de um dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Feira de Santana, foram alvo de denúncia, nesta quarta-feira (26), na Câmara Municipal. Um grupo de trabalhadoras e trabalhadores compareceu à sessão legislativa, sendo representado na Tribuna Livre por Zuleide Soares de Santana. Integrante da diretoria do órgão sindical, ela fez um apelo por providências, das autoridades responsáveis. Zuleide relatou que, em razão do problema, há várias mulheres “com crise de ansiedade e medo de sair sozinhas nas ruas”. O nome do acusado das práticas criminosas, bem como de um outro dirigente, de hierarquia superior, conivente com os fatos, já são de conhecimento da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher nesta cidade.

Funcionária de uma empresa fabricante de eletrodomésticos, Zuleide esteve acompanhada, na Tribuna da Casa da Cidadania, por uma das vítimas do sindicalista. “Ele se masturbou na frente dela. E por achar ser um ato normal, o abusador confirmou o que fez diante de outas mulheres e também do seu superior”. Ela lamentou que tais acontecimentos estejam sendo registrados dentro do movimento sindical, onde os dirigentes deveriam lutar para garantir os direitos das mulheres trabalhadoras.

Para Zuleide, as mulheres estão vivendo o “tempo de empoderamento feminino, só de boca, porque, infelizmente, os nossos direitos ainda precisam sair do papel”. Acrescentou que, dentro do Sindicato dos Metalúrgicos de Feira e Região, tem casos que vão além do assédio, como a proibição da entrada, na sede da entidade, de mulheres vítimas de assédio, e interferência junto a empresas para impedir que recebam seus salários. “Até a polícia na porta do sindicato colocaram. E as meninas estão sem receber salário, porque o sujeito que as assedia solicitou paras as empresas bloquearem o pagamento delas. A gente não aguenta mais”, desabafou.

Após contato com alguns órgãos, sem conseguir serem ouvidas, as metalúrgicas resolveram tornar pública a situação, por meio do Poder Legislativo: “O que estamos solicitando é que a Câmara se atente para esta questão, pois a cada 10 minutos mais de 100 mulheres são assediadas. E em uma hora, passa de uma centena o número de meninas vítimas de estupro no Brasil”. Segundo a sindicalista, este cenário pode piorar, se houver aprovação do Projeto de Lei 1904, em nível federal, “proposta irá penalizar mais, a mulher estuprada que fizer o aborto, do que o abusador que cometer o crime”.

Manifestando a sua solidariedade, e de todo o Legislativo, a presidente da Câmara, Eremita Mota (PP), disse que também já foi vítima do machismo. Ela classificou a justiça como “branda e lenta para agir”, em alguns casos. “Enquanto mulher é constrangedor, ouvir um relato como este. E pior ainda, o fato de não encontrar ajuda”, lamentou, destacando a importância de mobilizações populares. “Só vamos conseguir avanços agindo desta forma mesmo. Por isso, conclamo o movimento de mulheres de Feira a tomar parte na questão relatada por Zuleide. De nossa parte sempre iremos ter disposição a colaborar com esta luta”, garantiu.

Primeira secretária da Casa, Lu de Ronny (PV) se disse triste com as ocorrências denunciadas. A vereadora Gerusa Sampaio (UB), ex-secretária Municipal da Mulher, parabenizou as sindicalistas por “quebrarem o silêncio”. A parlamentar disse que Feira de Santana tem uma rede de proteção ativa de apoio às pessoas do sexo feminino, começando pela Delegacia da Mulher (Deam). A Secretaria da qual ela foi titular é responsável por fazer a interação e providenciar apoios, como o psicológico. “Vocês estarem aqui é um grande avanço. Podemos colaborar para que a secretaria dialogue com a Deam sobre maior agilidade do caso. Vocês não estão sozinhas”, garantiu.

Para Paulão do Caldeirão (PP), a atitude de qualquer pessoa que assedia e ameaça mulher é “covarde”. Ele sugeriu que a Comissão de Direitos Humanos da Câmara acompanhe o caso.  “Que os integrantes deste colegiado busquem celeridade nas investigações junto a Deam, Ministério Público e Secretaria da Mulher. A intervenção é importante, uma vez que houve ameaça grave às sindicalistas. Temos visto e presenciado muitos feminicídios. Portanto, prevenir é o melhor caminho”, frisou.

De entendimento semelhante, o vereador Pedro Cicero (PP), elogiou a dirigente da Casa da Cidadania por estar dando voz aos cidadãos feirenses. “Isto é muito importante. E na minha opinião, este assediador já deveria estar preso. A policia deveria enquadrá-lo agora, pois o assunto é muito sério”, observou.


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