Estojo achado no lixo faz parte de kit escolar que custou mais de R$ 3 milhões
Boa parte das escolas municipais de Feira de Santana sofre com a precariedade de seus espaços físicos ou com a falta de bens básicos, como carteiras, salas de computadores e até mesmo higiênico, conforme foi denunciado no Blog do Velame, no início do ano letivo de 2019. Entretanto, apesar da escassez em itens básicos, existe ainda o desperdício por falta de planejamento. Segundo a diretora da APLB – Sindicato dos Professores, Marlede Oliveira, há material escolar em bom estado sendo jogado no lixo. De acordo com ela, diversos estojos foram encontrados em sacos de lixo nas proximidades da Escola Municipal Monteiro Lobato, no bairro Capuchinhos, em Feira de Santana. Os estojos fazem parte de um kit escolar comprado pela Secretaria Municipal de Educação por R$ R$ 3.413.100,00 em licitação deste ano. Três tipos de kits foram adquiridos e distribuídos pela Secretaria. Um com 16 itens para alunos da educação infantil, que custou R$ 58,89 a unidade. 11 mil foram comprados por um valor total de R$ 647.790,00. O kit para estudantes do fundamental I tinha 12 itens, custou R$ 59,04 a unidade e foram adquiridos 21 mil unidades, totalizando R$ 1.712.160,00. Por fim, o kit de material escolar para fundamental II teve 15 itens ao custo de R$ 70,21 a unidade. 15 mil foram comprados por R$ 1.053.150,00. O estojo escolar encontrado no lixo foi comprado por R$ 6,93 a unidade. Segundo apurado pelo blog, os 61 mil estojos custaram pouco mais de R$ 300 mil aos cofres públicos. No kit, o estojo é um dos itens mais valiosos, só perde para o caderno R$ 17,22 e a calculadora de bolso R$ 7,27. Tanto descaso explica o fato de apesar de ser segunda maior cidade baiana e o terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB), Feira de Santana tem um dos piores índices de educação entre os dez maiores municípios da Bahia. Com média 4 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2017, a cidade tem o terceiro pior indicador deste grupo e descumpre as metas do Ideb desde 2011. O Secretário de Educação Marcelo Neves informou que solicitou a abertura de uma sindicância para apurar o caso.