Deputado quer a língua iorubá como patrimônio imaterial
Declarar o idioma iorubá patrimônio imaterial da Bahia é o que propõe o deputado Hilton Coelho (PSOL) em projeto de lei apresentado na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA). Na justificativa à proposição, o parlamentar argumenta que “o idioma Iorubá chegou ao Brasil com o povo negro escravizado e se mantém vivo em todo o território nacional, especialmente nas religiões de matriz africana e corriqueiramente no vocabulário do povo baiano, que em sua maioria descende do povo africano”. De acordo com Hilton, “o Iorubá é muito mais do que uma língua de comunicação formal, é muito mais do que uma interlocução interpessoal, é o que é falado dentro das comunidades religiosas de matriz africana, é, sobretudo, um sinal de identidade, de resistência e de memória ancestral”. Para o parlamentar, as tradições trazidas pelo povo negro foram e são de grande influência na construção da identidade e da diversidade cultural brasileira. Dessa forma, “se faz fundamental a preservação dos vestígios imateriais da presença negra africana em solo brasileiro. Contudo, infelizmente, nosso país evidencia muito mais as tradições (culturais e religiosas) e contribuições europeias do que as africanas, e as dos povos originários, promovendo assim um silenciamento histórico”. No texto, Hilton define patrimônio cultural imaterial como práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas transmitidos de geração em geração e constantemente recriados pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade, contribuindo assim para a promoção do respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. Ele conta que, atualmente, está em trâmite em Brasília proposta para inscrever o iorubá no Inventário Nacional da Diversidade Linguística, junto ao Instituto de Patrimônio Histórico e Artísticos Nacional (Iphan). Definir “a instituição da língua Ioruba como patrimônio imaterial atua em consonância com as ações afirmativas, promovendo um fortalecimento real e necessário de tradições africanas que contribuíram significativamente para a construção da nossa nação, além de fortalecer a luta pela construção da tolerância do respeito e na promoção da diversidade e pluralidade religiosa”, concluiu Hilton.