Como um grande projeto imobiliário se tornou um “elefante branco” em Feira de Santana
Por Rafael Velame
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Elefante branco é uma expressão usada para ironizar algo que é valioso mas que não possui qualquer utilidade, tornando-se dispendioso e inútil. Quem passa pela avenida Getúlio Vargas, o metro quadrado mais caro de Feira de Santana, logo percebe um grande prédio vinho, espelhado, com colunas pastilhadas em tons de bege, que se encaixa perfeitamente na definição de “elefante branco“.
Atualmente abandonado, o empreendimento batizado de Amayo Apart Hotel foi projetado para ser um pomposo prédio. Com uma área de 20 mil metros quadrados foi lançado em 2008 e vendido como excelente investimento para diversos empresários e profissionais liberais da cidade, que acreditaram no projeto.
Mas o que seria um bom negócio, acabou virando um grande prejuízo. A entrega do prédio de 13 andares anunciada para o segundo semestre de 2011 foi adiada por diversas vezes e nunca aconteceu.
Por fora, a obra de responsabilidade das empresas OMR e Amayo Patrimonial parece estar concluída, entretanto os compradores do prédio – chamado por parte da imprensa de “o mais marcante e inovador empreendimento da área hoteleira feirense” – nunca receberam as chaves dos apartamentos comprados. Um comprador que não quis se identificar revelou ao blog que após muito insistir, teve devolvido o dinheiro que deu de entrada no empreendimento. “Aceitei receber em parcelas, apesar de ter pago 30% do valor do imóvel à vista, para não aumentar meu prejuízo. O real motivo para a entrega não acontecer nunca foi relevado a quem comprou”, contou.
Em abril de 2008, quando o empresário Oyama Figueiredo lançou o projeto ao lado de autoridades municipais, afirmando estar concretizando o seu antigo sonho idealista de dotar a cidade de um Apart Hotel com alto nível, ninguém ousou imaginar que o empreendimento seria um dos maiores fracassos do mercado imobiliário feirense. A falta de estacionamento no projeto original não foi questionada nem pelo poder público municipal, responsável pela liberação da obra, nem pela imprensa.
Uma autoridade municipal da época que estava presente na inauguração e também preferiu não se identificar contou que a empolgação dos envolvidos foi tamanha, ao ponto de se falar em hospedar a delegação de alguma seleção que disputaria a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. “No lançamento era o que mais se falava, ninguém imaginou o que aconteceria no futuro”, revelou o membro do então governo do ex-prefeito Tarcízio Pimenta, que foi procurado pelo Blog, porque aparece em fotos do dia do lançamento.
O Blog do Velame apurou, ainda, que em 2010 os donos do Amayo chegaram a encomendar estudos para instalação de um hospital no prédio, porém, foram desaconselhados por conta da má qualidade dos ferros utilizados na obra que inviabilizam a possibilidade do uso de equipamentos pesados nos andares mais altos.
Estima-se que a área total do Amayo esteja avaliada entre R$ 60 e R$ 80 milhões, já que o metro quadrado na Getulio Vargas é vendido atualmente entre R$ 3.000 e R$ 4.000.
O empresário Oyama Figueredo foi procurado pela reportagem para dar sua versão dos fatos, entretanto as ligações não foram atendidas. A novela do Amayo, que significa Oyama ao contrário, parece estar longe do fim.