Com menos leitos para Covid-19, hospitais de Feira de Santana voltam a lotar
Por Dandara Barreto
Com o número de novos casos de Covid-19 baixando em Feira de Santana, os hospitais têm reduzido o número de leitos.
Na rede pública em Feira de Santana, cerca de 20 leitos foram desativados por causa da baixa demanda.
A medida, trouxe um consequentemente aumento na taxa de hospitalização no município, que tem neste momento, 769 casos ativos e 33 residentes da cidade hospitalizados, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Já de acordo com o acompanhamento feito pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), no site da Central integrada de Comando e Controle da Saúde – Covid-19, Feira de Santana possui, até a manhã desta segunda-feira (19), 55 pacientes internados, somente na rede pública.
O Hospital de Campanha, que recebe apenas pacientes que moram na cidade, conta com 35 leitos clínicos. Oito estão ocupados. Já os leitos de UTIs estão com 100% de ocupação. Após a diminuição de 8 leitos, os 10 leitos disponíveis estão ocupados.
O diretor do Hospital de Campanha Francisco Mota informou que o perfil dos pacientes que vem a precisar de hospitalização não mudou. São pessoas idosas e com morbidades diversas, entre as mais comuns, diabetes e hipertensão.
No Hospital Geral Cleriston Andrade (HGCA), não há mais leitos clínicos disponíveis. Os 14 leitos destinados a pacientes com Coronavírus estão ocupados. Na UTI, dos 30 leitos disponíveis, 23 estão ocupados. É uma taxa de ocupação de 77%. Além de pacientes de Feira de Santana, o HGCA recebe pacientes de outros 121 municípios, através da Central de Regulação. De acordo com Lúcio Couto, médico intensivista e diretor das UTIS do HGCA, metade dos pacientes são de Feira de Santana, especialmente pelo fato de o Hospital de Campanha não absorver pacientes com problemas cardíacos, renais e neurológicos. Com isso, a demanda acaba aumentando no Clériston.
Lúcio atribui o aumento na taxa de hospitalização ao descaso da população com relação aos cuidados que as autoridades sanitárias têm recomendado.
“As pessoas estão agindo como se a pandemia tivesse acabado. Ainda não tem vacina. É muito frustrante para quem está na linha de frente, num trabalho árduo há 8 meses ver bares lotados. Muitos pacientes que estão nos hospitais são os idosos que estão sendo vitimas do descaso dos mais jovens”. Lamenta.
O médico acredita que o Brasil viva uma segunda onda de infecção em consequência deste comportamento da sociedade.
“Eu acredito que possamos viver uma segunda onda sim. Talvez ela não seja tão agressiva quanto a primeira, porque a gente aprendeu muito com a doença, mas acho que esse aumento na hospitalização seja um indício dessa segunda onda vindo. É possível que assim como na Europa, nós tenhamos que voltar restringir as atividades para voltarmos ao isolamento social, já que nós ainda não temos vacina”. Conclui.
Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a grande parte da população mundial terá de esperar, provavelmente até 2022, para ser vacinada contra a Covid-19, apesar dos avanços da ciência. A entidade, que insiste que não haverá uma capacidade de produção suficiente para abastecer o mundo com vacinas de forma imediata, já que a prioridade será a de garantir a vacina para profissionais do setor de saúde, idosos e pessoas com condições de vulnerabilidade. Juntos, esses grupos não somam sequer 20% das população mundial, hoje estimada em 7,7 bilhões de pessoas.