Cães com suspeita de calazar preocupam moradores do bairro Mangabeira
Por Dandara Barreto
Moradores do condomínio Alto do Rosário, no bairro Mangabeira estão fazendo diversos apelos à imprensa para chamar a atenção das autoridades sobre a quantidade de cães com leishmaniose, doença também conhecida como calazar.
De acordo com a moradora do residencial, Elisangela Ferreira, são cerca de 50 cachorros em situação de abandono e muito doentes. Ela conta que os cães exalam mau cheiro e muitos deles mal conseguem andar, inclusive, seu filho de 1 ano adquiriu uma bactéria que, segundo o médico, foi adquirida por contato com cães.
“Os cachorros se deitam na porta da nossa casa e a gente não tem controle. Eu cuido da higiene da minha casa e do meu filho, mas há cerca de um mês ele apresentou uma feridinha que espalhou no corpo todo. O médico que me atendeu na UPA constatou que foi bactéria de cachorro”.
Elisangela relatou que há muita dificuldade para conseguir falar com o centro de zoonoses.
Após a nossa produção fazer contato, uma equipe do centro de zoonoses esteve no local e a coordenadora do centro, Mirza Cordeiro informou que o residencial Alto do Rosário é muito visitado por sua equipe devido a quantidade de cachorros e cavalos soltos no local.
De acordo com ela, falta comprometimento dos moradores com os seus animais.
“A maior parte destes animais tem donos e é necessário cuidado. Nós fizemos uma ação no local e os moradores não apareceram para vacinação ou exame de leishmaniose. Mais uma vez nós nos comprometemos a fazer uma nova ação, mas é realmente imprescindível a colaboração da comunidade”.
Mirza afirmou também que para confirmar se os cães têm a doença, é necessário fazer os exames e que os tutores dos cães assumam a responsabilidade do tratamento.
Transmissão
Apesar de muita gente pensar que o cachorro é o transmissor da doença, o mosquito palha é quem a transmite através da picada em animais e em humanos. De acordo com Mirza Cordeiro, a doença ataca as células do sistema imunológico do animal, se propagando posteriormente até atingir órgãos como pele, figado, rins, medula óssea e baço.
Anualmente, o Calazar infecta aproximadamente mais de três mil pessoas no Brasil, e uma quantidade incontável de cães. Para cada pessoa infectada, estima-se que 200 animais são infectados.
Feira de Santana registrou de janeiro a julho deste ano 8 casos confirmados da doença em humanos, mesmo número que no ano passado, mas em 2019, 3 pessoas morreram com a doença na cidade. Estes dados são do departamento de endemias, órgão vinculado à Secretaria Municipal de Saúde.
De acordo com Thais Peixoto, enfermeira responsável todas as unidades de saúde municipais são notificam a doença. O diagnóstico é feito através do teste rápido.
Os bairros com maior número de registros são Tomba, Calumbi, Campo Limpo, Gabriela, Conceição e Queimadinha. Os distritos com maior número de notificações foram Bonfim de Feira e Humildes.
Atualmente, os métodos mais eficazes para combater o avanço do Calazar nos cães são: Uso de repelentes tópicos e vacinação.
Sintomas em animais:
O cachorro com Calazar pode apresentar sintomas diferentes, tais como:
Alopecia – perda de pelos;
Descamação da pele – sobretudo no focinho;
Úlceras na pele – mais comum na orelha, na cauda e no focinho;
Emagrecimento;
Desânimo;
Alto crescimento das unhas.
Sintomas em humanos
Os principais sintomas da leishmaniose visceral em humanos são febre intermitente por semanas, fraqueza, perda de apetite, emagrecimento, anemia, palidez, aumento do baço e do fígado, comprometimento da medula óssea, problemas respiratórios, diarreia, sangramento na boca e nos intestinos.