Beijo mais demorado: o concurso de Dia dos Namorados que mobilizava Feira de Santana
O ano era 1997. Os participantes de um concurso realizado na Galeria Arnold Silva não sabiam, mas estavam entrando para história das resenhas feirenses. Era o “Concurso do Beijo”, realizado pela administração do Arnold, que naquela altura, com sua escada rolante mão única, era tido como o shopping da cidade.
O evento servia para promover as vendas Dia dos Namorados, atraía adultos e principalmente adolescentes à avenida Senhor dos Passos para assistir a competição beijoqueira. Um palco era montado na área externa da galeria e a plateia ficava ao redor assistindo os casais se beijarem longamente em busca de um significativo prêmio de cinco salários mínimos. A jornalista Eveline Cordeiro, que na época tinha 12 anos, é uma das testemunhas de que o concurso realmente acontecia. Ela releva que estudava na escola Castro Alves e uma das diversões da sua turma quando acabava a aula era ir assistir a competição. “Acompanhávamos e fazíamos apostas para acertar o casal ganhador”, lembra.
O Blog do Velame procurou um dos idealizadores do concurso, o administrador do Arnold, Jucimar Pedreira. Segundo ele, foram realizadas duas edições, porém não guardaram nenhum registro fotográfico dos eventos. Mas a memória foi suficiente para guardar uma história engraçada da época. “Um sobrinho participou e de última hora, tava pra vencer, só que ficamos com receio dele ganhar e os lojistas acharem que era proteção, porque tínhamos prêmios bons em dinheiro. Até hoje ele se queixa de que tirei o prêmio dele e demos o segundo lugar”, conta rindo.
O CONCURSO
Após várias etapas classificatórias semanais, três casais foram para a disputa final. O concurso acontecia das 8 às 20h com intervalos alternados para alimentação e necessidades fisiológicas. Uma comissão julgadora acompanhava e não permitia a separação dos lábios dos concorrentes. Além do beijo, era obrigatório que os casais se apresentassem usando fantasias. Na final do dia 11 de junho de 1997, o casal vencedor usava um look black-tie, o casal vice-campeão usava fantasia de anjo e o casal terceiro colocado vestia roupas caipiras em homenagem ao São João.
Um desses finalistas era o empresário Paulo César de Oliveira Filho, que na época tinha 19 anos. Ele é o sobrinho de Jucimar, “impedido de ganhar”. “Participamos mais por uma brincadeira por Jucimar ser meu tio. Na época, a mãe de meu filho estava grávida e tinha 15 anos de idade. Hoje meu filho tem 23 anos”, conta.
Paulo César revela que por tempo de beijo, cerca de 30 horas, o prêmio de primeiro lugar deveria ter sido dele e da esposa, entretanto ele teve a premiação suspensa pelo tio, administrador da galeria. Apesar da frustração de perder o primeiro lugar no “tapetão”, ele considera a experiência boa. “Foi muito interessante, uma experiência boa para um casal jovem”, ressaltou em um audio enviado pelo WhatsApp, ao blog.
E você, toparia beijar muito por um prêmio de cinco salários mínimos?