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Editorial / 01 de junho de 2021 - 05h 58m

O Exu e a hipocrisia

O Exu e a hipocrisia
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Alguns ainda insistem em evocar os mitos de Grécia em seus (questionáveis) fundamentos para demonstrar uma suposta intelectualidade, um resto qualquer do que se define ser cultura, da maneira ocidental. Quem ainda não se acostumou às vaidades disfarçadas de retóricas também não compreendeu outra palavra, também de origem grega: hipocrisia (hypokrisía).

E não há, na ficção e na realidade, melhor remédio para a hipocrisia do que Exu, o Orixá da comunicação, da paciência, da ordem, da disciplina e, claro das encruzilhadas. Sincretizado perversamente com o diabo cristão pelos colonizadores europeus que não aceitavam o estilo irreverente, brincalhão e provocador do Orixá mensageiro, qualidades pessoalmente comuns aos bons comunicadores, aos possuidores de interlocução simples, direta e, claro, corajosa.

É interessante perceber os cestos cheios de hipocrisia transitando livremente em Feira de Santana. De um lado para outro, em linhas e entrelinhas, a passos largos ou tranquilos, a hipocrisia sempre está disponível. A preços módicos ou por uma fortuna, dependendo para que se quer, sempre há hipocrisia em estoque.

Mas, Exu que também é conhecido como senhor do mercado, tem seus produtos a oferecer. E ele não vende qualquer coisa de qualquer jeito. Conta um itan (história) que Exu é capaz de carregar o óleo que comprou no mercado numa simples peneira sem que este óleo se derrame. Mais do que astúcia ou habilidade, fica demonstrado aqui o forte caráter e responsabilidade deste Ser com a verdade, uma premissa dos comunicadores. Os comunicadores de fato, que fique bem claro.

Estou em paz com Exu, com as verdades e até com a hipocrisia alheia. Mas, como diz o rapper Emicida, contra os invejosos, nada me impede de botar fé na “magia dum talo de arruda que vale uma floresta inteira”.

Da boca de Exu nunca se ouvirá nenhum “amém” à hipocrisia.


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