Hospital de Campanha de Feira já sofre com falta do “kit intubação”
Feira de Santana pode estar vivendo o pior momento, desde o primeiro caso de covid-19 na cidade, em 6 de março de 2020. O Blog do Velame apurou que, além de todos os leitos de UTI’s da cidade, públicos e privados, estarem com taxas de 100% de ocupação, em alguns, já está sendo necessário improvisar. No Hospital de Campanha, mantido pela Prefeitura de Feira de Santana e administrado pela S3 Saúde, por exemplo, já faltam componentes do kit intubação.
O “kit intubação” é um termo informal, popularizado durante a pandemia para se referir ao conjunto de medicações essenciais à realização da intubação orotraqueal.
No Hospital de Campanha, os medicamentos que compõe o “kit” estão sendo substituídos por outros que não são os mais recomendados para esse tipo de procedimento em pacientes com covid-19. No entanto, o médico Alex Brito, coordenador da UTI, ressalta que a falta de algum medicamento não representa, necessariamente, que o hospital esteja sem alternativas viáveis para tratar os pacientes intubados.
“No Hospital de Campanha temos para intubação um pequeno quantitativo de Midazolan, Fentanil e Cetamina. Como todo hospital, conforme chegam novos carregamentos, uma ou outra medicação fica à disposição ou em falta. Porém, existem substitutos que nós temos. Existem várias medicações que utilizamos como Propofol, Cetamina, Dexmedetomidina, Remifentanil, Midazolan, Fentanil, etomidato, além de diversos bloqueadores neuromusculares que temos: rocuronio, Cisatracúrio, Atracúrio, Suxametônio. Sempre temos substitutos. Caso fiquemos por algum período sem Fentanil, enquanto não chega, usamos outro opióide, como o Remifentanil, ou em último caso uma combinação de Solução de Morfina e Metadona enteral. Da mesma forma, caso fiquemos algum período sem Midazolan, usamos outro benzodiazepínico enquanto não chega o Midazolan, como o Diazepan venoso e enteral, se preciso, combinado com outros enterais. Assim também fazemos uso de Dexmedetomidina, na falta usamos Cetamina, na falta usamos Clonidina, etc.”, detalhou.
O coordenador lembra ainda que, o Brasil inteiro está em crise de sedativos que compõe o “kit intubação”. “A procura mundial é muito grande, os grande fornecedores estão com dificuldades de abastecer o mercado nacional”, ressalta. De acordo com Alex Brito é importante esclarecer que no Hospital de Campanha, como em todo hospital atualmente, não existem todos os tipos de sedativos sempre à disposição, nem em quantidade infinita. “Gerenciamos a crise com muito profissionalismo e trabalho sério, compensando faltas eventuais com substitutos e muito esforço. De forma que todo paciente no hospital de campanha que necessite ser intubado ou sedado, consegue receber este tratamento, nenhum paciente é prejudicado e nem fica sem sedação”, explica.
Nas últimas 24h, Feira de Santana registrou 141 pacientes internados no município e 4.357 casos ativos, ou seja, pessoas que ainda estão com a covid-19. Mais cinco mortes também foram registradas. No total, já são 38.969 casos confirmados no município e 707 óbitos.