Médico questiona plano de vacinação de Feira de Santana; novo secretário se cala
O Plano Municipal de Vacinação de Feira de Santana tem sido alvo de diversas críticas desde que foi lançado, principalmente pela falta de diretrizes claras. Diversos profissionais de saúde que não estão na linha de frente do combate a covid-19 foram vacinados através de uma desastrosa ação de drive thru (CLIQUE AQUI E RELEMBRE). Na ocasião, o critério para receber a imunização era apresentar diploma de formação em curso de saúde. A partir disso, surgiram relatos de vacinados jovens, saudáveis, aposentados, em teletrabalho ou que atuam em consultório em outras cidades. Outro ponto, é que centenas de trabalhadores do setor administrativo, sócios e empresários ligados a hospitais particulares também foram imunizados com a justificativa de que “são trabalhadores da linha de frente”.
O médico cardiologista Germano Lefundes, gestor de uma clínica de cardiologia na cidade, conversou com o Blog do Velame e questionou os critérios para essa vacinação e a falta de informações objetivas por parte da Secretaria Municipal de Saúde. “Somos muitos ainda sem vacinação. Minha equipe, 29 funcionários, não foi vacinada. Eu e mais 2 colegas médicos, a nutricionista da clínica, não conseguimos também”, disse. Ele revelou que na sexta-feira (12) esteve na rede de imunobiológicos e não há qualquer informação sobre a vacinação destes profissionais. “Pelo contrário, mesmo diante da informação de que a vacinação para profissionais seria retomada, o que falam lá é que isso não ocorrerá pois prosseguem com vacinação apenas para idosos. Ressalto que há falha na informação dos dados, falta clareza nas informações transmitidas. Ausência de programação quanto a vacinação dos profissionais de saúde que não conseguiram imunização na primeira etapa”, reclamou.
O debate sobre quem é de fato grupo prioritário ocorre também em meio à falta de diretrizes claras por parte do Ministério da Saúde aos municípios. A pasta aponta no Plano Nacional de Imunização (PNI), que a preferência deve ser dada a profissionais da saúde, com foco em quem lida com a covid-19, mas sem especificar quem deve ser vacinado após a proteção de quem está na linha de frente. O médico aponta que o Executivo precisa dar melhores perspetivas, a curto ou médio prazo. Para ele, o período de vacinação de profissionais de saúde foi interrompido precocemente. “Encaminhamos ofício para Secretaria de Saúde conforme solicitado, porém não há nenhum planejamento para solucionar a questão. Note que a SMS já possui condições de estimar com maior exatidão o numero de profissionais ainda não imunizados. Na segunda-feira uma grande clínica de Gastroenterologia teve todos os seus funcionários imunizados “in loco”. Não há clareza quanto ao motivo pelo qual foi a escolhida”, questiona.
Lefundes relembrou o episódio da falha de informação que quase fez a cidade ficar sem novas doses da vacina. “Quando a SMS admite falha na informação dos dados, assume que utilizou apenas 88% das doses. Portanto, havia vacina em estoque, ainda sem utilização. Outros municípios como Salvador, Serrinha, prosseguem com vacinação de profissionais de saude, concomitantemente à vacinação por faixa etária, mediante cadastramento do profissional, o que permite escalonamento adequado. Ao invés de politizar, a gestão municipal deveria admitir as falhas, corrigi-las e aperfeiçoar o processo, dando mais transparência”. Ele destaca que a imunização de profissionais que atuam em serviços de saúde, tem um alcance mais amplo, pois a medida que “cria uma imunidade de rebanho interna, reduz o risco de contágio para os pacientes que o frequentam”. Procurado para explicar os critérios de escolha dos profissionais de saúde que estão sendo imunizados, o novo secretário de saúde, o médico Marcelo Britto, visualizou, mas não retornou o contato feito pelo blog. Para completar a falta de transparência, o vacinômetro de Feira segue sem atualização desde o dia 22 de fevereiro.