Dom Zanoni se manifesta sobre suposto vidente de Anguera que diz ver Nossa Senhora
Dia 29 de setembro de 1987. Essa teria sido a data em que o suposto vidente Pedro Régis teria se deparado com um fato para lá de inusitado e intrigante: uma aparição de Nossa Senhora, na cidade de Anguera, a 30 quilômetros de Feira de Santana.
“Não tenhais medo, pois eu sou a Mãe de Jesus”, essa foi a frase que a Virgem Maria teria lhe dito, revelando uma cura pessoal, e lhe solicitando que ali, na Fazenda Malhada, fosse erguida uma cruz e uma capela, com a promessa de ser vista semanalmente, com “apelos urgentes”.
O episódio ganhou repercussão em todo o mundo, chegou ao conhecimento do Vaticano e desperta, ainda hoje, a curiosidade de milhares de fiéis que peregrinam para entender o que se passa na cidade do interior baiano. Muitos deles dizem publicamente ter testemunhado ali milagres, enquanto outros colocam em questionamento as supostas aparições.
Chama a atenção o fato de “Nossa Senhora” aparecer com tanta frequência e com horário marcado ao suposto vidente, revelando milhares de mensagens. Algumas delas de cunho duvidoso, conforme observa grande parte do clero.
Adotando extrema cautela sobre o assunto, somente quase 40 anos depois a Arquidiocese de Feira de Santana, sob a liderança de Dom Zanoni Demettino Castro, resolveu se pronunciar oficialmente. Uma nota oficial foi publicada nesta segunda-feira, dia 13 de maio, com a recomendação de que seja lida em todas as igrejas.
O Arcebispo Metropolitano chama a atenção que muitas pessoas, numa busca sincera de Deus, têm seguido esses ‘videntes’ como se fossem referência de fé católica e Doutrina. Desta forma há constituída uma Comissão teológica-pastoral, com a finalidade de observar e discernir, do ponto de vista teológico-doutrinal, eclesiológico-pastoral e psíquico-espiritual.
Segundo Dom Zanoni, as supostas revelações “podem estar misturadas com os condicionamentos humanos e, por isso, sujeitas a se desviarem de sua finalidade evangelizadora e da proposta da Igreja”. O religioso explicou que busca estar em contato fraterno com Pedro Régis, admoestando sobre as falas polêmicas, sobretudo contra o Papa Francisco e o Magistério.
“As catequeses de Pedro Regis, nos meios de comunicação social, têm impactado muitos seguidores. Todavia, esse impacto provoca um desorientamento, chegando a levar muitos fiéis a uma compreensão confusa a respeito da comunhão e da unidade da Igreja de Cristo”, diz o arcebispo, completando em seguida.
“É questionável que Maria, a Mãe de Jesus e da Igreja, cale-se diante da crise ecológica, das guerras, da violência contra as mulheres, as crianças, do racismo, do consumismo, da miséria humana e da corrupção do mundo. Quem ignora esses clamores não é Maria a Mãe de Jesus e nossa Mãe e, sim, alguns ‘videntes’”, completou, através do documento.