Salários atrasados: Médicos da UPA da Queimadinha divulgam nova carta aberta e cogitam restringir atendimentos
Nesta quarta-feira (09), o corpo médico da Unidade de Pronto Atendimento da Queimadinha divulgou uma nova carta aberta para relatar que os atrasos salariais prosseguem mesmo após a apresentação de um manifesto na semana passada. Eles deram um prazo de 24 horas para a Prefeitura de Feira de Santana regularizar a situação ou devem paralisar as atividades.
Confira a nova carta na íntegra:
“Há cerca de 1 semana expomos as condições enfrentadas pelos médicos da Upa Queimadinha, entre elas: a superlotação da unidade com pacientes internados em condições irregulares de alocação, bem como atraso no pagamento do salário dos médicos que vem ocorrendo frequentemente no último ano.
O último pagamento realizado foi referente ao mês de agosto que foi pago no dia 29 de setembro de 2022, sendo que o prazo sempre foi até dia 20 de cada mês, mas nunca acontece.
Atualmente as condições de trabalho vêm ficando insustentáveis, além da unidade lotada, lidamos com a falta de condições mínimas de trabalho como alguns medicamentos em falta e alimentação precária, ainda mais agora com os trabalhadores da copa sem recebimento há cerca de 4 meses.
Mesmo com todas as reivindicações, não vemos a mudança da parte da prefeitura e vivemos dia a dia o descaso com a saúde e com nós trabalhadores que nem sequer merecemos uma satisfação e uma data prevista para recebimento do nosso salário. Nós estamos cansados dessa irregularidade sobre a data do nosso pagamento, da falta de respeito com os trabalhadores da saúde e das desculpas que todo mês variam para o atraso do salário.
Além de tudo, mantemos um valor de plantões defasados que não aumenta há anos, mesmo durante e após uma pandemia onde nunca paramos de trabalhar. Nos mobilizamos por meios legais para demonstrar a nossa insatisfação com a gestão que atualmente vem deixando de lado as obrigações com os profissionais médicos, que atuam principalmente na linha de frente junto à população para prestar atendimento de qualidade mesmo diante do fluxo intenso de pacientes que se dirigem à nossa unidade e que são internados para regulação.
Após nossa manifestação, o CREMEB fez uma visita para apurar todas as denúncias e ouvir os profissionais médicos. Contudo, até o presente momento não tivemos nenhuma resposta da prefeitura quanto ao pagamento referente ao mês de setembro que deveria ter sido pago até o dia 20 de outubro e seguimos com nossas contas atrasadas, juros nos cartões de crédito e sem uma satisfação da nossa data de pagamento.
O que não conseguimos entender é que se o pagamento mensal é sempre o mesmo, já que há anos não há ajuste do valor do plantão, qual o motivo do nosso pagamento estar dependendo da aprovação de orçamento? Ao nosso ver, não existe justificativa. Sendo assim, entendemos que os atrasos salariais configuram um total descaso com a população que procura nosso atendimento, ocasionando insatisfação, desvalorização dos profissionais, além de ser um desrespeito com as pessoas que estão na luta pela manutenção da saúde dos feirenses.
Viemos por meio desta solicitar junto ao Ministério Público e ao CREMEB as medidas cabíveis para manutenção do trabalho fornecidas à população de Feira de Santana. Solicitamos ao InSaude e a Prefeitura a regularização imediata das contas médicas desta unidade aqui citada a partir da presente data.
Diante do exposto, entende-se ser mais que suficiente um prazo máximo de 24 horas, após o encaminhamento desta carta, para o pagamento do nosso salário atrasado e regularização da data dos próximos pagamentos.
A intenção não é prejudicar a população, mas caso não ocorra uma postura da prefeitura quanto ao pagamento, iremos iniciar a Restrição do Atendimento Médico até que ocorra a regularização do pagamento.
O descaso e a desvalorização dos trabalhadores médicos não podem continuar! Seguiremos honrando o juramento que por nós foi feito: o de preservar e respeitar a vida humana ainda que a nossa dignidade esteja ferida e os nossos valores desrespeitados.”
O QUE DIZ A PREFEITURA
A Prefeitura de Feira de Santana esclarece que o não repasse de recursos para as empresas que fornecem mão de obra para UPAs e Policlínicas é uma consequência da falta de dotação orçamentária. Os pedidos de suplementação foram encaminhados para a Câmara desde o mês de agosto e o Município aguarda apreciação por parte do Legislativo. A Prefeitura dispõe de dinheiro em caixa, mas precisa da autorização legal da Câmara.
Vale ressaltar que os recursos para manutenção destas unidades são de receita própria do Município.