Prefeito de Anguera diz que saúde avançou com o PT e gestor de São Gonçalo rebate: ‘É a fila da morte’
Em tempos de fake news e disseminação de ódio entre candidatos, o jornalismo independente se faz ainda mais essencial. E é seguindo nesta linha, contribuindo com um debate de alto nível, que o jornalista Rafael Velame promoveu mais um encontro, ao vivo, frente a frente, com dois políticos de campos opostos. Os convidados foram o prefeito Tarcísio Pedreira (Solidariedade), de São Gonçalo dos Campos, e o também prefeito Mauro Vieira (PL), de Anguera.
Tarcísio caminha ao lado do candidato ACM Neto (União) desde o primeiro turno, sendo um forte cabo eleitoral. Já Mauro, abraçou a campanha de Jerônimo (PT) quando ninguém ainda acreditava e segue rente. Apesar de divergirem no campo ideológico, ambos mantiveram o equilíbrio e a cordialidade durante todo o programa, dando exemplo da boa política.
Ao justificar o seu apoio nesta corrida ao Palácio de Ondina, o prefeito Mauro Vieira elogiou o trabalho da atual gestão estadual, destacando as obras que vêm ocorrendo e atribuindo o sucesso de votos de Jerônimo no município (71,70%) a este fator.
“A cidade de Anguera hoje é um canteiro de obras. O Governo do Estado tem honrado com todos os compromissos assumidos com os munícipes e comigo, na qualidade de prefeito. Dentro do aspecto administrativo, o governador Rui Costa tem feito um trabalho extraordinário pela Bahia. E é este trabalho que teve reflexo nos números da eleição”, opinou.
Já em São Gonçalo dos Campos, o prefeito Tarcísio Pedreira disse ver o oposto. Segundo ele, a cidade, assim como Feira, sofre de perseguição política por parte do Estado, o que estaria travando o desenvolvimento dos dois municípios.
“Fico muito triste em ouvir que Anguera é um canteiro de obras. Porque São Gonçalo dos Campos é a cidade do pai de Rui Costa e as pessoas, até os familiares, sabem o tamanho do sofrimento que temos com o governador. Por perseguição política a uma pessoa, ele acaba perseguindo 40 mil. Também gostaria de ver Feira de Santana como um canteiro de obras, mas é outra que está sendo perseguida. Isso não é justo”, argumentou.
Quando o assunto foi saúde pública, o gestor de Anguera foi abordado sobre o drama que se tornou a fila da regulação e como convencer o eleitor a acreditar que, após 16 anos, o PT irá dar conta do recado.
“Houve uma evolução. Os corredores do Clériston, antes da regulação, viviam cheios de macas, com as pessoas jogadas, sem o mínimo de respeito ou qualidade de atendimento. A regulação veio para organizar e o governo da Bahia foi um dos que mais fez hospitais, descentralizando a questão da saúde, como o hospital da Costa do Cacau. Tem que haver é organização e diminuir o tempo, e isso tem sido feito. Houve um avanço extraordinário com a gestão do PT”, defendeu.
Para Tarcísio, que é médico, além de prefeito, a fila da regulação se tornou a “fila da morte”, apelido muito utilizado pelos políticos de oposição para se referir ao sofrimento dos baianos que, cotidianamente, aguardam semanas para serem atendidos, muitas vezes vindo a óbito nas filas.
“Tudo fica melhor quando se organiza. Porém, situações graves, como de pacientes de fato morrendo, eles não têm tempo para a espera desta organização. Quem está dizendo é um médico, que já entubou paciente no chão, que já abriu tórax de paciente no chão do Clériston, e hoje estão vivos. Eu vejo pessoas morrerem todos os dias nessa fila. Mais que isso, vejo políticos escolhendo quem vai viver e quem vai morrer. Não sou só contra essa fila da regulação, como também contra a forma obscura com que ela é conduzida”, criticou.